Na noite de ontem, 25, aconteceu em Los Angeles o 93º Oscar, promovido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, uma noite tão esperada e repercutida pelos amantes do cinema. Com novos protocolos de saúde e transmissão de diversos outros países do mundo, a noite se encerrou com um gostinho de “velho normal”, em meio a tapete vermelho presencial e só algumas pessoas de máscaras. Porém, ainda com número reduzido, cada convidado só poderia trazer um acompanhante.
Sabemos que “Nomadland” se consagrou como o grande vencedor do Oscar 2021 e não só pelo Melhor Filme, mas a noite foi bem justa. Repleta de diversidade e representatividade, após um ano em que todos viveram tanta perda e tristeza, a noite mostrou o começo de um grande avanço da Academia, com a primeira mulher asiática a ganhar Melhor Direção, um filme sobre um baterista surdo ganhar Melhor Som, e a pauta do racismo e da violência policial presente em diversos filmes, curtas e documentários e indicações.
A abertura foi conduzida por Regina King, que também estava com seu filme de estreia na direção sendo indicado, “Uma Noite em Miami”, e que lembrou nos primeiros minutos da cerimônia: “Se a semana tivesse sido diferente em Minneapolis, eu trocaria meu salto alto por sapatos de manifestação, mas é momento de comemorar, porque o amor de todos pelos filmes nos ajudou a superar esse ano difícil”. Fazendo referência à condenação do policial acusado de assassinar George Floyd em Minneapolis.
Vale lembrar que, nos Estados Unidos, qualquer um maior de 16 anos já pode se vacinar há algumas semanas, o que garantiu ainda mais segurança para a festividade de ontem, e o início do fim da pandemia para os americanos.
A premiação também reconheceu o talentoso trabalho da comunidade asiática: Chloé Zhao foi a primeira mulher asiática a receber o prêmio de Melhor Direção, por “Nomadland”. Já em Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme “Minari”, Yuh-jung Youn, mostrou seu carisma ao dar uma leve cantada em Brad Pitt, e levar à Coreia do Sul o primeiro Oscar por atuação.
E mesmo perdendo pela oitava vez uma chance de conquistar seu Oscar, Glenn Close não perdeu o rebolado, literalmente, e trouxe um tom descontraído para a premiação.
Inveja de você? Inveja eu tenho da Glenn Close e dos seus 74 anos bem vividos! #Oscars pic.twitter.com/q9yxhmlMtz
— Thiago Pasqualotto (@thiago_p) April 26, 2021
Enquanto isso, mais um marco se fez com Anthony Hopkins, que levou o — muito merecido — prêmio de Melhor Ator, por “Meu Pai”, sendo o ator mais velho, com 83 anos, a ganhar um Oscar. Essa categoria rendeu críticas, pois muitos acreditaram que a Academia daria o Prêmio Póstumo ao falecido e sempre talentoso Chadwick Boseman, pelo filme “A Voz Suprema do Blues”.
Outra crítica pelo mesmo filme se deu na categoria de Melhor Atriz, levado pela Frances Mcdormand, pelo filme “Nomadland”, mas que muitos torceram para Viola Davis, que, se ganhasse pelo seu papel também em “A Voz Suprema do Blues”, seria a segunda mulher negra a ganhar um Oscar de Melhor Atriz. Ambas as críticas se dissolvem diante da qualidade da atuação dos quatro intérpretes citados, pois todos incorporaram o papel e entregaram uma atuação “oscarável”.
Mcdormand entrou para a história ao acompanhar Meryl Streep, sendo as duas as únicas mulheres vivas a ganharem três estatuetas.
Outro importante ponto foi a celebração e importância das plataformas de streaming, em um ano em que as salas de cinema em todo o mundo estiveram fechadas por muitos meses, devido à pandemia. Grande parte dos filmes indicados se encontram disponíveis na Netflix, Amazon Prime, Apple TV e Disney +.
Durante a noite, duas premiações foram as mais surpreendentes, o de Melhor Documentário de Longa Metragem, “O Professor Polvo”, que ganhou de outros documentários com tons mais políticos. E Melhor Fotografia, em que o favorito era “Nomadland”, marcado pelos lindos cenários a céu aberto, porém que perdeu para “Mank”, com uma também excelente fotografia em preto e branco.
Emerald Fennell, atriz, roteirista e diretora britânica, também subiu ao palco para buscar sua estatueta de Melhor Roteiro Original, por Bela Vingança, que realmente é um filme genial.
Confira abaixo todos os ganhadores da noite:
Melhor Filme: Nomadland
Melhor Direção: Chloé Zhao – Nomadland
Melhor Ator: Anthony Hopkins – Meu Pai
Melhor Atriz: Frances Mcdormand – Nomadland
Melhor Ator Coadjuvante: Daniel Kaluuya – Judas e o messias negro
Melhor Atriz Coadjuvante: Youn Yuh-jung – Minari
Melhor Filme Internacional: Druk – Mais uma Rodada (Dinamarca)
Melhor roteiro adaptado: Meu pai
Melhor roteiro original: Bela vingança
Melhor figurino: A voz suprema do blues
Melhor trilha sonora: Soul
Melhor animação: Soul
Melhor curta de animação: Se algo acontecer… te amo
Melhor curta-metragem de ficção: Dois estranhos
Melhor documentário: Professor polvo
Melhor documentário de curta-metragem: Colette
Melhor som: O som do silêncio
Melhor canção original: Fight for you – Judas e o messias negro
Melhor cabelo e maquiagem: A voz suprema do blues
Melhores efeitos visuais: Tenet
Melhor fotografia: Mank
Melhor edição: O som do silêncio
Melhor design de produção: Mank
Foi uma noite emocionante, cheia de mensagens tão inspiradoras quanto importantes. Porém, é impossível não citar a condução do fim. Com as ordens invertidas, os prêmios de Melhor Atriz e Melhor Ator ficaram — respectivamente — para o grand finale, em vez de Melhor Filme, criando uma sugestão de que Chadwick seria o eleito a Melhor Ator e a cerimônia seria finalizada com uma homenagem a ele. Mas Anthony Hopkins foi o eleito e não compareceu de forma presencial ou virtual para fazer seu discurso de agradecimento.
A mulher de Chadwick estava na cerimônia e o que os fãs desejaram é que o eterno Pantera Negra e sua mulher mereciam mais que um “In Memorian”. Por aqui sabemos, Chadwick Boseman jamais será esquecido pelo seu talento e verdade.