Spy X Family: O mangá de comédia que o mundo precisa

Os lançamentos de mangás no Brasil costumam seguir alguns padrões, e gênero de comédia, ainda é pouco visitado. Spy X Family é um mangá necessário e merecido pelo público otakinho das terras brasileiras.

Quando falamos no gênero de comédia, me recordo dos títulos “Arakawa Under The Bridge” e “Great Teacher Onizuka”, que são ótimas comédias, porém não saem muito do nicho, então já sentimos um pouco do motivo do gênero não aparecer tanto por aqui, eles são bons, desde de que sejam apresentados ao público certo.

Mas, antes de aprofundar na comédia é bom falar da obra que intitula essa análise. A história de Spy X Family acompanha o personagem “Twilght”, um agente secreto que recebe a missão de se infiltrar em uma escola da alta classe, mas para isso ele precisa de uma criança, e então resolve adotar uma menina, que é capaz de ler a mente das pessoas (mas isso só nós sabemos por enquanto) e para se adequar aos padrões de família ele “se casa” com uma mulher que é secretamente uma assassina de aluguel. Essa família nada convencional encara a aventura de conhecer um ao outro, e aprender a viver um cotidiano “normal”.

O ritmo da história é interessante por conta do senso de perigo, eu costumo dizer que uma boa história é aquela que melhor transmite a sensação de “pode dar merda” e esse mangá consegue ser muito imprevisível, chegando a tirar o fôlego em alguns trechos. E vale ressaltar que todos os personagens são interessantes, e a comédia casa muito bem com o clima que todos os personagens apresentam, principalmente pelo fato de termos uma experiência muito próxima com a ideia original do autor, já que Spy X Family não apresenta um humor tão “regionalizado”, a obra original não é tão apegada ao humor tradicional japonês que poderia ser perdido com as traduções e adaptações.

Eu particularmente gostei muito de Spy X Family por não possuir um único protagonista, a aventura está tão integrada que todos os personagens se tornam importantes e ainda assim se mantém independentes. Toda a trama é amarrada de modo que você se importe com o desenvolvimento de cada membro da família, mas ainda assim não se perde o bom humor, o que é genial, diga-se de passagem, porque um autor com menos senso perderia facilmente o rumo da história com as mudanças de tom, e as rápidas transições entre o tom sério e piada boba, mas o autor consegue administrar com maestria essas transições tornando a experiência de leitura ainda melhor.

Vale pensar que o maior diferencial da história é a união dessa família, onde se observa um conjunto de motivações e problemas específicos de cada personagem, e essas particularidades chamam atenção, então quando o foco da história sai do “Twilight” e vai pra “Anya” e não precisamos ficar torcendo para que a trama volte para o espião, conseguimos sentir real interesse em acompanhar com a pequena telepata, ao mesmo tempo o Twilight não é esquecido e se embrenha em alguns trechos da história dela. E aqui fica uma das coisas mais legais, a história consegue ser separada e ao mesmo tempo agregar para o todo.

Além disso temos o adicional de um grande conjunto de referências a guerra fria no leste europeu, e para quem curte essa pegada de espião é um prato cheio. Algumas discussões são levantadas a partir desse contexto e permitem algumas reflexões interessantes, mas não quero aprofundar nisso para que certas surpresas não se percam.

Não quero detalhar muito mais, pois se o fizer posso explanar algumas das piadas, e algo pior que um spoiler comum em geral é um spoiler de piada, ao menos em minha humilde opinião. Se você está em busca de uma história leve para relaxar e curtir, Spy X Family é mais do que uma boa pedida.

O mangá está sendo publicado pela editora Panini e custa atualmente R$22,90, e logo mais vem anime ai.

Mas, e ai achou interessante? Discorda ou deseja levantar algum outro ponto? Comenta ai! Espero que tenham gostado e até a próxima.

Sobre Victor Nerd 101 70 artigos
Nascido em São Paulo/SP, tem 20 anos e coleciona quadrinhos há quase 10 anos, possuindo uma coleção gigantesca, aficionado desde sempre pelo setor. Atualmente cursa a faculdade de direito e realiza pesquisa em filosofia do direito, além de ser colaborador no NEXP, participar de podcasts e apresentar o programa Angústia Nerd.