Na contagem regressiva para o Oscar, aqui vai mais um indicado: “Time”, um documentário de longa-metragem, disponível na Amazon Prime. O longa é uma obra em preto e branco, que, com a ausência das cores, traz a presença de muita sensibilidade e fala, literalmente, sobre o tempo e o que se ganha, se perde e se aprende com ele.
O documentário de pouco mais de uma hora, conta a história de Sibil Fox Richardson, uma mulher, esposa e mãe apaixonada e determinada, que dedica seus anos a liberar seu marido, Robert, e uni-lo aos seus seis filhos, que vão crescendo com a ausência do pai. Robert Richardson foi condenado a 60 anos de prisão, por roubo a mão armada de um banco, em Louisiana, nos Estados Unidos, enquanto Sibil ainda estava grávida de gêmeos. Fox também foi presa por envolvimento no assalto, mas ficou muito menos tempo que seu marido.
O que transforma uma história verdadeiramente triste em uma história verdadeiramente linda?
Produzido, dirigido e roteirizado por Garrett Bradley, os minutos são conduzidos intercalando diferentes épocas da história dessa família com imagens originais e caseiras, gravadas ao longo dos anos — sem dar spoiler — que seu marido ficou preso e escolhe focar mais nas consequências do encarceramento do que nas prisões de fato. Lançado em janeiro do ano passado durante o Festival de Sundance, o longa ficou disponível na plataforma de streaming da Amazon apenas em outubro de 2020.
A história de muitas famílias que dependem do sistema carcerário dos Estados Unidos é refletida no longa. Robert de fato cometeu um crime, mas é notório que a luta de Sibil diz muito sobre o encarceramento de pessoas pobres e negras, como um reflexo de todo um sistema que falha com as pessoas mais vulneráveis, nos Estados Unidos e em outros países, como o nosso próprio Brasil. “Pessoas desesperadas fazem coisas desesperadas”, diz a Mrs. Richardson.
Nesse contexto, o documentário traz uma perspectiva diferente para a discussão, extremamente envolvente e intimista. As cenas mostram relatos de fé, de amor inabalável, de união familiar como uma máxima de vida e, de novo, a luta das pessoas pobres em uma história de amor verdadeira, que foge de todos os padrões convencionais.
Além disso, é um dos indicados a melhor documentário do Oscar, entre eles estão: “Agente Duplo”, “Collective”, “Professor Polvo” e “Crip Camp: Revolução Pela Inclusão”. A cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas ocorrerá no próximo domingo, 25, e no Brasil será exibido em canais como Globo e TNT.
“Time is what you make of it”, uma das frases faladas no longa que causa um impacto no telespectador. Com tradução livre, “tempo é o que você faz dele”, e Sibil mostra ao longo dos seus anos e da sua luta que responsabilidade, cumplicidade e amor podem ser uma das melhores coisas que se pode fazer com esse senhor tão bonito, como diz Caetano Veloso, o tempo.