Semana da Mulher: Produções da Netflix que reforçam o protagonismo feminino

O protagonismo feminino, dentro e fora das telas, é algo que vem tomando os holofotes há algum tempo. Se por um lado temos uma nova geração de sucesso tomando espaço em Hollywood, por outro as chamadas “produções independentes” também ganham vozes através de fortes atuações.  

A série “Ginny & Georgia” e o filme “Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta”, ambas da Netflix, reforçam que histórias que exaltam a força feminina têm tudo para cair no gosto do público. 

Ginny e Georgia

Um dos últimos lançamentos originais da Netflix, “Ginny e Georgia” continua assumindo o topo de lista de produções mais vistas na plataforma nos últimos dias. 

A série adolescente conta a história de Ginny (Antonia Gentry), uma jovem de 15 anos, mesma idade que sua mãe tinha quando a teve, que se muda com a família para a pequena cidade fictícia de Wellsbury. 

O pacato município, que fica localizado no estado de Massachusetts, é um lugar de poucos habitantes, onde os moradores sabem de tudo sobre a vida de seus vizinhos. 

Assim como é relatado no início da trama, Ginny é assombrada por um passado de constantes mudanças devido aos diversos relacionamentos da mãe, Georgia (Brianne Howey). Com o novo recomeço, a adolescente passa a ter uma vida comum, com amigos, popularidades e até um namorado, Hunter, que faz constantes declarações públicas para sua amada. 

A série “Ginny e Georgia” fazendo referência a “Gilmore Girls”

A produção ainda traz diversas referências a outra série muito amada dos anos 2000: “Gilmore Girls”, que acompanha a relação de mãe e filha, uma mais mente aberta e a outra mais responsável, que mesmo tendo que lidar com dramas e questões do passado, sabem que sempre podem contar uma com a outra.

A referência se torna clara quando, ainda nos primeiros minutos da trama, Georgia cita ”Gilmores Girls” em uma conversa com a filha: “Somos como as Gilmores Girls, mas com peitos maiores”. 

Outro ponto que relembra muito a série do início do século são os triângulos amorosos em que se envolvem as duas personagens, Ginny e Georgia. Essas relações, mal resolvidas, envolvem o telespectador e o anima para os conflitos que podem surgir a partir deste ponto. 

O desenrolar da história também aborda outras questões de importância para o amadurecimento adolescente. De forma leve, a série trata de questões sexuais, como a primeira relação de Ginny, e sobre a legalização de drogas na cidade, com a abertura da primeira loja com venda autorizada. 

Georgia arrumando o cabelo de Ginny, após um incidente com seu penteado

No entanto, a série também discute temas como a questão de identidade enfrentada pela protagonista, que é filha de um homem negro com uma mulher branca, sendo obrigada a passar por dificuldades que muitas jovens negras podem se identificar. 

O único ponto negativo da série é que esse tipo de trama é apenas colocada em cena e, devido a multiplicidade de histórias narradas, acaba se perdendo na narrativa e não aprofundada pelas personagens. 

Contudo, embora existam alguns subenredos, a história se torna viciante de assistir ao falar sobre questões de amadurecimento e relacionamento mãe e filha, ao mesmo tempo que tem um toque  sombrio, explorando o passado obscuro de Georgia que pode atrapalhar a tão sonhada estabilidade conquistada por Ginny. 

Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta

O filme “Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta”, outra produção autoral da Netflix, coloca em pauta as discussões do feminismo para as novas gerações.

Através de uma linguagem simples, ambientada no ensino médio, o longa trata sobre as descobertas de uma garota que está começando a entender a como se posicionar diante das situações erradas que acontecem em sua escola. 

A história acompanha a jovem Vivian (Hadley Robinson), que após presenciar diversas situações sexistas e racistas em sua escola, publica uma revista que provoca uma verdadeira revolução entre as alunas.

Intitulada de Moxie, mesmo nome que o grupo de jovens adota para a sua luta, Vivian passa a expor em suas fanzines (publicações independentes) todas as situações de opressão que menosprezam os estudantes de seu colégio. 

Inspirada pelo passado rebelde de sua mãe, Lisa (Amy Poehler, também diretora do filme), a protagonista também aprende a lidar com suas emoções, entendendo que a frustração que sente pelas injustiças da escola não pode e nem deve se transformar em uma raiva generalizada. 

O longa acerta ao mostrar, através de Vivian, que esse sentimento nutrido pela personagem deve ser direcionado para uma ação efetiva, assim como ela faz com o Moxie, organizando as garotas de uma escola a se posicionarem. 

O filme traz à mesa diversas questões, se tornando ponto de partida para discussões construtivas entre o público jovem, que pode desenvolver temas como feminismo e sororidade de forma mais concreta do que as gerações anteriores. 

O que “Ginny e Georgia” e “Moxie: Quando as Garotas Vão a Luta” têm em como é muito mais do que o protagonismo feminino na maioria de suas cenas.

Além da trama principal, que mostra o amadurecimento das protagonistas diante de tantos temas tabus, como sexualidade e o passado de suas mães, as subtramas também ganham destaque. 

A história de Maxine, em “Ginny e Georgia”, que fala sobre a aceitação por parte de sua família quanto a sua orientação sexual relevada desde criança, descomplica o assunto e mostra a leveza com que se pode levar o assunto quando há diálogo entre as partes. 

Já em “Moxie”, quando a integrante das líderes de torcida, Emma, conta para todos a violência sexual que sofreu com o seu então ex-namorado, reforça que as mulheres estão expostas às situações de violência mesmo com pessoas próximas. 

Mas acima de tudo, o mais importante, evidenciado pelas duas produções, é que quando as mulheres se unem, elas são capazes de superar suas dores e, juntas, transformar o sentimento ruim em forças para se erguerem e continuarem lutando por seus sonhos.