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Que a desigualdade de gênero existe em Hollywood não é novidade, mas é surpreendente a falta de mulheres indicadas à categoria de Melhor Direção na história das maiores premiações do cinema.
Abaixo, o NEXP cita as três principais premiações, mas sem esquecer que todas as demais também continuam promovendo a desigualdade de gênero em diversas categorias.
OSCAR
Em 93 anos, apenas cinco diretoras foram indicadas, entre os mais de 350 indicados em toda a história da premiação. Nenhuma é negra ou latino-americana. Apenas uma ganhou. São elas:
- Lina Wertmüller, pelo filme “Pasqualino Settebellezze (Pasqualino Sete Belezas)” (1975);
- Jane Campion, pelo filme “The Piano” (1993);
- Sofia Coppola, pelo filme “Lost in Translation” (2003);
- Kathryn Bigelow, pelo filme “The Hurt Locker” (2008) — venceu;
- Greta Gerwig, pelo filme “Lady Bird” (2017).
Em 2019, nenhuma mulher foi indicada à categoria, ao que a diretora de “Mulher-Maravilha”, Patty Jenkins, comentou para o site Vulture: “Não tenho nem ideia de por que não há diretoras indicadas. A Academia está trabalhando nisso, mas o verdadeiro problema é que não importa que filme você faça, nem o dinheiro que você arrecade, nem qual seja a diversidade do seu público; no fim das contas, a Academia que tem direito a voto ainda é muito, muito limitada. Ainda”.
GLOBO DE OURO
Já nos 78 anos do Globo de Ouro, apenas oito mulheres concorreram à Melhor Direção e apenas duas ganharam. A edição deste ano, inclusive, fez história indicando três mulheres na categoria (fato raríssimo), entre elas uma mulher não branca. As oito indicadas, são:
- Barbra Streisand pelo filme “Yentl” (1984) e “The Prince of Tides” (1992). Barbra foi a primeira a vencer por “Yentl”;
- Jane Campion por “The Piano” (1994);
- Sofia Coppola por “Lost in Translation” (2004);
- Kathryn Bigelow por “The Darkest Hour” (2013) e “The Hurt Locker” (2010);
- Ava DuVernay por “Selma” (2015);
- Emerald Fennell por “Promising Young Woman” (2021);
- Regina King por “One Night in Miami…” (2021);
- Chloé Zhao por “Nomadland” (2021) — segunda mulher a vencer e a primeira não branca.
Apesar dos pequenos avanços, o Globo de Ouro demorou 37 anos até premiar a segunda diretora mulher.
BAFTA
Conhecida como o Oscar britânico, a premiação melhorou um pouco na diversidade das indicações. Entre os seis indicados à Melhor Direção, quatro são mulheres e uma delas é não branca, diferentemente de 2020, quando nenhuma mulher disputou o prêmio e os indicados das demais categorias eram todos brancos.
- Shannon Murphy pelo filme “Babyteeth” ;
- Chloé Zhao por “Nomadland” (2020);
- Jasmila Žbanić por “Quo Vadis, Aida?” (2020);
- Sarah Gavron por “Rocks” (2020);
- Lee Isaac Chung por “Minari” (2020);
- Thomas Vinterberg – “Another Round” (2020);
A cerimônia será realizada entre dois dias: 10 e 11 de abril.
Por parte das organizações que cuidam das premiações citadas, falta representatividade em todos os sentidos: racial e de gênero. Conta-se nos dedos o número de mulheres no geral e de mulheres não brancas indicadas. Para além da categoria de Melhor Direção, é evidente que também falta representatividade nas demais categorias e nos papéis das produções. Segundo dados apurados pelo UOL, na categoria de Melhor Filme, os filmes com protagonistas homens são maioria entre os vencedores do Oscar.
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Apesar da não diversidade nas premiações, há filmes incríveis de figuras femininas no papel principal. Confira nossa matéria sobre filmes que completam 20 anos e são protagonizados por mulheres.
Em setembro de 2020, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, organização que promove o Oscar, divulgou uma série de diretrizes detalhadas sobre inclusão e diversidade que os cineastas terão que cumprir para que seu trabalho seja elegível ao prêmio de Melhor Filme a partir de 2024. Dentre os quatro padrões de representatividade criados, dois devem ser seguidos para que as produções cinematográficas sejam elegíveis. As demais categorias continuarão como antes. Espera-se o mesmo movimento nas outras premiações.
Para entender mais a desigualdade de gênero no cinema e se mobilizar para exaltar mais diretoras mulheres, confira o site MoviesByHer, que expõe um catálogo de filmes dirigidos por mulheres, e a organização Women in Film, que defende e promove as carreiras de mulheres que trabalham nas indústrias de cinema para alcançar paridade e transformar a cultura.