Safra 1991 #6: Nirvana e o grande disco da década de 90, a estreia do Smashing Pumpkins, o auge do Chili Peppers, fim da primeira fase do Pixies e Legião Urbana lança “V”

No último texto da série de grandes discos do ano de 1991, trazemos hoje Nirvana e o clássico “Nevermind”, a estreia do Smasing Pumpkins com “Gish”, a consagração do Red Hot Chili Peppers e seu “Blood Sugar Sex Magik”, a despedida dos Pixies com “Tromple Le Monde” e a Legião Urbana lançando “V”, o quinto trabalho da banda. Confira.

Nirvana – Nevermind

Lançado em 24 de setembro de 1991, o segundo álbum do Nirvana – primeiro com Dave Grohl nas baquetas e também o primeiro da banda feito por uma grande gravadora – é considerado por muitos o maior e principal disco lançado na década de 90.

Gravado entre maio e junho daquele ano, “Nevermind” foi gravado no famoso Sound City Studios, com a produção de Butch Vig. Com influências que iam de Pixies a Bay City Rollers, passando por R.E.M., The Melvins, Black Flag e Black Sabbath, o disco consegue ter peso, consistência e ao mesmo tempo soar pop e radiofônico. Músicas como “Breed”, “Territorial Pissings”, “On a Plain”, “Lounge Act” e os hits “Smells Like Teen Spirit” e “In Bloom” são exemplos perfeitos da junção dos dois mundos. Outros destaques do disco são “Lithium”, “Come As You Are” e as melódicas “Polly” e “Something In The Way”.

Com a prensagem inicial de 46 mil cópias, a gravadora Geffen acreditava que o trio liderado por Kurt Cobain venderia 250 mil discos em um ano, marca atingida pelo Sonic Youth com seu álbum “Goo”, lançado em 1990. Porém, em apenas quatro meses, a banda atingiu o primeiro lugar das paradas da Billboard, tirando do topo Michael Jackson e o disco “Dangerous”. “Nevermind” vendeu mais de 10 milhões de cópias, uma marca jamais atingida por um grupo de rock alternativo.

O sucesso do Nirvana também permitiu que outras bandas de Seattle atingissem grande público, como Pearl Jam, Alice in Chains e Soundgarden, consagrando o movimento rotulado pela crítica como grunge.

Smashing Pumpkins – Gish

Também sob direção de Butch Vig (em uma produção estimada em 20 mil dólares), “Gish”, álbum de estreia do Smashing Pumpkins chegou às lojas em maio de 1991, tornando-se um dos álbuns mais interessantes daquele período, porém, sem o reconhecimento merecido.

Apesar de ter sido “ofuscado” pelo sucesso do Nirvana, o disco apresenta um grupo em amadurecimento. “Gish” possui influências psicodélicas, riffs bem construídos pelas guitarras de Billy Corgan e James Iha, além de uma forte tendência ao dream pop, mesmo tendo sido rotulados como uma banda grunge.

O disco tem ótimas canções como “Snail”, “I Am One”, “Crush”, “Suffer” e “Rhinoceros”, que se tornou o grande destaque do álbum, apesar de ter sido pouco executada na época de lançamento.

A banda passou por problemas internos durante a turnê do disco, mas chegaria ao estrelato a partir do álbum seguinte, “Siamese Dream”, lançado em 1993.

Red Hot Chili Peppers – Blood Sugar Sex Magik

Curiosamente lançado no mesmo dia que “Nevermind” do Nirvana, “Blood Sugar Sex Magik”, o quinto álbum de estúdio do Red Hot Chili Peppers é o disco consagrador da carreira do grupo.

Mais maduros e recém contratados pela Warner Bros. Records, a banda foi gravar na mansão do produtor musical Rick Rubin e lá ficaram mais à vontade para produzirem músicas do jeito que sempre quiseram, já que o álbum anterior, “Mother’s Milk” (EMI, 1989), teve diversas interferências em termos de gravação e produção.

Tratando de temas como sexo e drogas, “Blood Sugar” traz os hits “Under the Bridge”, “Suck My Kiss”, “Breaking the Girl” e “Give it Away”. Destaque também para “Sir Psycho Sexy”, “If You Have To Ask”, “Naked in the Rain”, “Funky Monks” e “My Lovely Man”.

Mesmo vivendo um momento de grande popularidade durante a turnê do disco (que teve como “bandas de abertura” Smashing Pumpkins e Pearl Jam), a banda passou por problemas internos que culminaram na saída do guitarrista John Frusciante em 1992. Ele votaria para a banda seis anos depois, quando começaram a gravar o álbum “Californication”, lançado em 1999.

Pixies – Trompe Le Monde

Gravado em estúdios da Califórnia, Londres e Paris, “Trompe Le Monde” é o quarto álbum de estúdio do grupo e trata-se de uma volta às origens do grupo, após o disco “Bossanova”, de 1990.

Lançado no final de 1991, o disco traz ótimos momentos como “Bird Dream of the Olympus Mons”, “Alec Eiffel”, “U-Mass”, “The Navajo Know”, “Planet of Sound” e a faixa título “Trompe Le Monde”. Destaque também para a regravação de “Head On”, do Jesus and Mary Chain.

Apesar de viverem um ótimo momento artístico, a banda passava por crises internas que culminaram no rompimento em 1992. O grupo retomou as atividades em meados dos anos 2000 e segue na ativa desde então.

Legião Urbana – V

O quinto disco da Legião Urbana é um reflexo do Brasil e da vida pessoal de Renato Russo naqueles tempos. Gravado durante a crise econômica do Plano Collor e logo após Renato descobrir ser portador do vírus HIV, “V” foi lançado no final de 1991.

Considerado o “disco progressivo” do grupo, o álbum traz influências medievais presentes em faixas como “Love Song”, que contém trecho da “Cantiga de Amor” do trovador Nuno Fernandes Torneol, a instrumental “A Ordem dos Templários” e “Metal Contra as Nuvens”, com seus impressionantes 11 minutos e 28 segundos, marcada por diversas variações. Outros destaques são as pesadas “L’âge D’or” e “A Montanha Mágica”, a alegre “Sereníssima” e os hits “Vento no Litoral”, “O Teatro dos Vampiros” e “O Mundo Anda Tão Complicado”. Todas compostas por Renato, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá.

“V” não apresenta videoclipes e teve uma turnê curtíssima, pois Renato enfrentava problemas com álcool e drogas. Na mesma época, o trio participou da série Acústico MTV e tocou diversas faixas do álbum. Exibido em 1992, o show só foi lançado sete anos depois, em 1999.

Este foi o último texto da série “Safra 1991”, que contou a história de 30 grandes álbuns que comemoram três décadas em 2021. Para entrar em contato com o NEXP, basta enviar um e-mail no podcast@nexpbr.com, entrar em contato pelo nosso Facebook ou o @nexpbr no Instagram.