“Furi Fura: Amores e Desenganos“ é um mangá desenhado e escrito por Io Sasaki, também conhecida pela criação de “Ao Haru Ride“. A história se trata de um romance adolescente que acompanha Yuna e Akari, duas jovens que se conhecem por acidente quando Akari pede dinheiro emprestado para Yuna, uma desconhecida. Quando elas se reencontram, Akari devolve o dinheiro e, por conta da roupa, descobrem que estudam na mesma escola e, no caminho para casa, que também moram no mesmo prédio. Alguns dias se passam e elas se tornam grandes amigas, só que ambas discordam sobre uma coisa vital na juventude: De onde vem o amor?
Akari acredita que é algo que se desenvolve com o tempo e, diferente de Yuna, ela já teve um relacionamento e vê como algo comum, enquanto Yuna vê de uma forma romantizada, como se existisse um príncipe encantado destinado a encontrá-la. Isso mostra o contraste de duas visões que serão contrapostas e desenvolvidas no decorrer de 12 volumes de mangá e um filme que ainda será lançado em 2021.
Romances adolescentes parecem seguir sempre a mesma fórmula clichê, mas as histórias de origem oriental tendem a trazer elementos diferentes, e isso para nosso contexto é bem legal de se comparar e analisar. Mas, além desse elemento cultural, “Furi Fura” consegue escapar, o mangá tem vida própria e um desenvolvimento muito interessante e instigante. A história é contada sobre a ótica de quatro personagens que se relacionam e evoluem, seguindo com suas vidas no início do ensino médio.
O que me chamou atenção em “Furi Fura” é que a história não trata os adolescentes como indivíduos que só pensam em trocar saliva, mas traduz as angústias de uma fase da vida que exige escolhas sérias para as quais não se está preparado (carreira, trabalho, família e tudo mais). Cada um dos quatro personagens se desenvolve em algum desses âmbitos e cada um deles tem um pedaço de sua vida interligado com a de outro. Quando se formam casais, tudo se entrelaça de tal modo que um canto da vida influencia o outro de uma forma totalmente inesperada, mas o cuidado, o carinho e a paixão organizam isso e demonstram a beleza de um amor belo, jovial e florescente.
No Japão, costumam dizer que a chegada do amor é como a primavera, que desabrocha as pétalas de cerejeira, e “Furi Fura” traz consigo essa sensação, ambas as protagonistas evoluem, amadurecem e descobrem inseguranças que sequer sabiam da possibilidade de sentir. Na conclusão, é possível ver o fim de uma fase e sentir que aqueles personagens se tornaram vivos e agora são amigos partindo. Na vida, nos despedimos de amigos, projetos, namorados e namoradas, mas isso não significa que as marcas e lições são esquecidas, sempre seremos a união das dores, amarguras, paixões, amores e carinhos que preenchem nossos espíritos e memórias. E, para mim, “Furi Fura” carrega esse sentimento.
A primavera chegou e a arte de Io Sasaki transmite essa emoção, que traz uma sensação de frio, calor, harmonia e beleza. A feição dos personagens transmite muito bem os sentimentos e é possível imergir nesse universo de tal forma que nem dá para ver o tempo passar. O trailer do filme transmite bem essa emoção, segue aí:
“Furi Fura” é uma daquelas histórias que pode marcar ou relembrar um momento da vida, em seus 12 volumes, fazemos amigos, criamos afetos, compartilhamos dores e aprendemos sobre amor. A Panini fez o favor de reimprimir mais volumes e você os encontra em algumas lojas por aí. Ouso dizer que é uma ótima porta de abertura para o mundo dos mangás. Por fim, a obra responde a uma pergunta sem usar palavras e expressa um sentimento que responde a pergunta inicial: Descobrimos ou criamos o amor? Para descobrir mais, leia o mangá.