Marry Grave: A jornada do morto-vivo que busca reviver sua amada.

Depois de décadas com as mais variadas histórias e aventuras, criar um início interessante e instigante, que não apele para clichês batidos, se tornou uma tarefa difícil. Aqui não temos uma história com um protagonista escolhido, mas sim um cujo objetivo é chamativo e interessante. Marry Grave é uma daquelas histórias que o inicio é lento, mas logo nos primeiros capítulos gradativamente o ritmo aumenta, e se torna uma daquelas histórias que você vê o protagonista como um velho amigo. Sawyer é um morto vivo que vaga por um mundo dominado por monstros em busca de ingredientes para reviver sua esposa.

É uma jornada longa que se liga diretamente com a história do mundo, e conforme a aventura avança os mistérios do mundo se apresentam num clima dark fantasy. Se fosse para fazer uma escala, estaria antes de Goblin Slayer e Berserk, isso quanto a questões de violência e assuntos pesados. E normalmente quando o autor trabalha com um clima mais infanto-juvenil do que adulto, ele tende a não definir bem o clima do mundo, e as coisas tendem a soar estranhas, mas o autor de Marry Grave criou personagens e um mundo que conversam muito bem, sem parecer que eventos são forçados ou sem sentido para com o mundo.

A arte dá um clima e vida a história, criando uma estética própria que funciona tanto em momentos mais sérios quanto nas piadas escrachadas. Se acostumar e entender o protagonista leva certo tempo, e de início entender o clima da história é meio difícil, tanto que reler o mangá já entendendo melhor a proposta é uma ótima ideia.

Na minha visão a história é muito bem amarrada, no sentido de que os personagens, mitologias e mistérios se entrosam muito bem. Tanto que as dificuldades da aventura não se tratam apenas da força do oponente, mas também de suas motivações, e lutar contra ele se exige estratagemas e diálogos que desejam encerrar a luta e resolver nos diálogos. Batalhas não são apenas força, mas sagacidade e isso torna a leitura muito interessante.

Um elemento genial é o fato da esposa de Sawyer, Rosalie, já ter revivido ele, logo a jornada já foi concluída e todo o percurso acaba sendo uma descoberta tanto de Sawyer quanto do leitor. E ela é uma personagem muito carismática e interessante, só que ao mesmo tempo ela e Sawyer complementam o desenvolvimento um do outro. Eles são um ótimo casal para mim, pois tanto no seu relacionamento quanto em seu desenvolvimento mútuo enquanto personagens, ambos se equilibram muito bem.

Por fim, a parte triste é que o mangá foi cancelado, mas o autor conseguiu dar um gostinho das histórias que seriam contadas e mostrar o fim que ele almejava chegar. Sou da opinião de que uma história sem fim tem menos brilho, mas isso não significa que ele não exista. Marry grave é um mangá concluído em 5 volumes e possui uma bela edição publicada pela editora panini. É uma boa pedida, desde que fique avisado sobre o final abrupto. Espero que se interessem pela obra, e que essa analise incentive o leitor a conhece-la.

Sobre Victor Nerd 101 70 artigos
Nascido em São Paulo/SP, tem 20 anos e coleciona quadrinhos há quase 10 anos, possuindo uma coleção gigantesca, aficionado desde sempre pelo setor. Atualmente cursa a faculdade de direito e realiza pesquisa em filosofia do direito, além de ser colaborador no NEXP, participar de podcasts e apresentar o programa Angústia Nerd.