Em ótima fase, Lô Borges lança álbum vigoroso com letras do irmão Márcio Borges. Conheça “Muito Além do Fim”

Álbum está disponível nas plataformas digitais via Deck

Lançado na primeira semana de março, “Muito Além do Fim” (Deckdisc, 2021) marca uma das fases mais produtivas da carreira de Lô Borges. Seu terceiro álbum em menos de dois anos, o sucessor de “Rio da Lua” (2019) e “Dínamo” (2020) – também lançados pela Deck – traz letras de Márcio Borges, irmão do compositor, após o período de dez anos sem músicas em parceria. Márcio é coautor de sucessos como “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor”, conhecida na voz de Milton Nascimento e compôs com Lô pela última vez para o disco “Horizonte Vertical” (Sony Music, 2011).

Diferente dos últimos lançamentos de Lô cuja sonoridade é mais voltada para o folk e para a MPB e com letras de Nelson Ângelo e Markely Ka, o novo álbum é mais ligado ao rock and roll, mas sem deixar de lado as características presentes em outros trabalhos e no Clube da Esquina, movimento do qual Lô fez parte na década de 1970.

Com som das guitarras presente e melódico ao mesmo tempo, o álbum apresenta uma característica solar e alto astral que está presente na faixa-título “Muito Além do Fim”, com a participação de Paulinho Moska. Os acordes de bossa nova dão charme e toque radiofônico a música. Uma belíssima canção pop.

Em “Muito Querida”, canção de amor à vida, o lado rock aparece ainda mais em um riff pulsante e um belo trabalho de guitarras feito por Henrique Matheus. Uma verdadeira road song. Como não é recomendável  pegar a estrada em tempos de pandemia, a canção pode ser trilha sonora de sonhos e viagens sem sair do lugar. Versos como “não posso ter mais você na minha frente / sem minha banda e a guitarra” e o lyric-vídeo com paisagens, imagens do céu e do mar, reforçam ainda mais essa intenção. Viagens internas e externas. Essa última, assim que pudermos.

“Copo Cheio” traz melodias típicas do Clube da Esquina e timbres psicodélicos, que remetem a Beatles, Pink Floyd e também a bandas do Britpop como Oasis e The Verve. As faixas seguintes “Vida Ribeirão” e “Rainha” também mantêm a conexão “Londres-BH”, com destaque para a bateria executada por Robinson Matos.

“Canções de Primavera” segue com o clima feliz do álbum. Uma perfeita faixa de abertura para um possível lado B caso o trabalho seja lançado em vinil. “Caos” também possui uma bateria marcante e forte influência “beatle”. A letra otimista mostra que o amor pode ser a fuga de todo o caos que possa haver. “Com você me sinto forte / sua firmeza é a minha sorte”. “Melhor Assim” é uma faixa que poderia estar em discos como “A Via Láctea” (EMI-Odeon, 1979) e ao mesmo tempo não soa datada.

Das dez faixas de “Muito Além do Fim”, oito foram compostas no período da pandemia de COVID-19, que assola o planeta há pouco mais de um ano. As letras eram enviadas por Márcio via WhatsApp, enquanto Lô criava as melodias e retornava com a canção pronta.

Arte feita por Rodrigo Brasil

As duas últimas músicas do disco já haviam sido compostas anteriormente. A atualíssima “Terra de Gado”, feita em 1999, não havia entrado em nenhum trabalho de Lô. A canção tem versos como “quem trabalha em paz não merece nenhuma atenção”, “ser medíocre vale ouro / ouro de tanto babaca / terra boa de ser ninguém / ou vai morrer nessa praia / e achar que tá tudo bem”. Trilha sonora ideal para o momento que vivemos em nosso país.

O álbum fecha com “Piano Cigano”, feita em 1978 para o já citado “A Via Láctea”, mas por destoar daquele repertório, acabou ficando de fora. Resgatada 43 anos depois com a levada piano rock, poderia estar presente em qualquer disco de Lô lançado na década de 1980.

“Muito Além do Fim” mostra Lô Borges em sua melhor forma, tão inspirado quanto há quase 50 anos, quando compôs clássicos para o “Clube da Esquina” (EMI-Odeon, 1972), gravado em parceria com Milton Nascimento e quando registrou o cultuado “disco do tênis”, lançado naquele mesmo período. Ouçam, pois é um disco para ser apreciado do início ao fim e as “canções de primavera” sempre vêm para ficar.

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