Se você tem o costume de navegar pelas redes sociais, provavelmente se deparou com um tal de Zé da Manga nas últimas semanas. Mais do que isso, aliás: é possível que não tenha apenas escutado algo sobre ele, mas ficado com a música que leva seu nome (Ah, Zé da Manga/ Zé da Manga…) na cabeça.
Não é por acaso: nos últimos seis meses, esse foi um dos memes mais procurados da internet brasileira, com mais de 400 mil pesquisas nos mecanismos de busca de Norte a Sul do país.
Memes do Brasil
Nesse caso, a música foi postada originalmente pelo canal de Youtube Sr. Nescau, conhecido por montar remixes de canções aleatórias em batida de funk. Só que, aos poucos, o que antes era um meio de trollar alguém — já que a frase é cantada de forma parecida com o clássico “gemidão do zap” — viralizou pela Web, sobretudo após o streamer Nobru cair na trollagem e passar a usá-la à exaustão.
Mas, afinal, ao lado do Zé da Manga, que outros conteúdos virais estiveram por trás dos picos de buscas online em todo o país nos últimos seis meses? Quem traz a resposta é a plataforma Preply, cujo novo levantamento revela os memes que mais fizeram as pessoas recorrerem aos mecanismos de pesquisa de março a agosto deste ano.
NEXP escolhe melhor meme:
Ai que delícia, Mickey Fake:
Fake Natty
Um dos canais mais engraçados do Brasil hoje é, sem dúvida, o do nutricionista Rodrigo Góes. Uma verdadeira fábrica de memes — ele criou “Pope Francis”, por exemplo —, é dele a expressão “fake natty” (fake néri) para “denunciar” pessoas que postam fotos com o corpo sarado, mas, desconfia-se, usam hormônios sintéticos para chegar ao resultado.
Fake natty é, no canal de Góes, uma espécie de julgamento — e não à toa ele o faz com um martelo de juiz batendo sobre a mesa —, em que a pessoa avaliada é definida como “falsa natural” enquanto ele explica suas motivações.
Já entraram no crivo do “fake natty” famosos como o apresentador Marcos Mion, Hulk, atacante do Atlético-MG, e o cantor Gusttavo Lima.
Suquinho de maracujá
Esse é mais um daqueles memes fofinhos: filmado pelos pais no carro, em maio, um garoto apareceu no Instagram expressando prazer enquanto tomava um suco de maracujá (ou “murucujá”, como ele diz).
Ao fundo, se ouvia a música “Caiu No Meu Papinho Já Era”, de Kevin o Chris e MC Caja (O iPhone no suporte ela avistou/ Brisou no cabelinho do menor/ Passou cinco minuto, ele arrastou/ Mexeu com os pitbull/ é um papo só), cantada e dançada pelo garotinho em questão. Relembre
A identidade do menino logo foi descoberta: trata-se de Arthur Pires, de 6 anos, que mora em um bairro na periferia de São Paulo. Publicado há quatro meses, o post já soma cerca de 80 milhões de visualizações no Instagram, o que lhe rendeu mais de um milhão de seguidores na plataforma.
Não gostei, asmei
Em junho, o podcast super popular PodPah recebeu o cantor angolano Príncipe Ouro Negro para uma conversa com o comediante Diogo Defante no quadro Rango Brabo. Tudo ia bem até que, durante a prova de um doce, ele lançou a frase que se tornaria meme: “Não gostei… asmei!”.
Durante o encontro, o próprio Defante não aguentou e caiu na risada, enquanto Ouro Negro permaneceu comendo o doce.
O meme, porém, se explica por outro motivo: a multidão de influencers angolanos que arrancam risadas dos brasileiros pelo sotaque com que falam português.
O próprio Ouro Negro, em uma música bastante popular nas redes, pronuncia a palavra “macaco” como “masqueicos”, canção composta depois da viralização de um vídeo seu procurando pelos animais em uma floresta. Vale lembrar que o cantor é chamado, na Angola, de “Rei do Kuduro”.
Attenzione pickpocket
Até o momento, é provável que este seja o meme mais viral do Brasil em 2023.
Tudo começou quando, em julho, ganhou repercussão mundial o vídeo de uma mulher italiana alertando, exasperada, os turistas a se protegerem dos batedores de carteira em Veneza. Para se ter uma ideia, somente no post original, no canal “Cittadini Non Distratti”, mais de 10 milhões de pessoas já deram o play.
O áudio da mulher berrando pelas ruas da cidade enquanto filma os ladrões (ela também grita “attenzione, borseggiatrici”, o equivalente a “cuidado com os batedores de carteiras”, em português) foi usado para produzir uma variedade de outros memes, o que não foi visto com bons olhos pela italiana.
Em meio à ampla divulgação de seu vídeo, Monica Poli, o nome por trás do alerta engraçado, usou suas redes sociais para se defender da zoação e dizer que ela só estava tentando ajudar os desavisados.
Fui ao mossar
Quando o assunto são os memes, as brincadeiras envolvendo a língua portuguesa são aquelas que as redes sociais mais gostam. Ainda mais se o erro é gritante e público ao mesmo tempo.
Pois foi exatamente o que aconteceu com um desconhecido de uma loja que, ao sair do trabalho, resolveu deixar uma placa na porta do estabelecimento com a frase: “Fui ao mossar” (“Fui almoçar”).
Postado pela primeira vez no perfil do Facebook Gramaticando em 2015, o meme ganhou vida nova neste ano, sobretudo após o famoso canal South America Memes (SAM) publicar a foto para seus 4 milhões de seguidores.
O interessante é que, de lá para cá, muitas pessoas têm publicado conteúdo nas redes defendendo o autor da frase — e chamando atenção para os preconceitos linguísticos que envolvem as risadas em torno da famosa frase.
Apocalíptico
Outro meme que brinca com o português. No começo do ano, o influencer Estevão Ferreira, de Recife, viralizou nas redes sociais com um bordão que ele criou de propósito, nada ao acaso: dizer “apocalíptico”.
É um jeito particular de enfatizar que algo é polêmico, que chama atenção, fazendo barulho onde chega.
Ferreira também é famoso nas redes por publicar vídeos em que ele corrige as pessoas sobre seu nome, quando não o assina aleatoriamente. No fim das produções, o pernambucano sempre repete o nome inteiro como uma forma de marcar quem está falando.
Caso o nome não soe tão desconhecido por aí, talvez seja porque Estevão Ferreira já é famoso desde 2020, quando criou outro bordão clássico: o “beijos de luz”. Realmente, uma fábrica de memes!
Lá ele
Não é novidade que os memes com gírias regionais ou sotaques sempre dão o que falar. Por esse motivo, não causa surpresa que outro dos mais buscados na internet em 2023 seja, na verdade, algo sobre o jeito baiano de conversar.
“Lá ele” é uma maneira popular, especialmente em Salvador, de negar uma frase de duplo sentido que foi dita antes por outra pessoa. Um exemplo são as ocasiões em que alguém diz: “Vou dar tudo de mim” e, como resposta, ouve de um amigo: “Lá ele”.
Embora já seja bastante conhecido na Bahia, vale dizer que o bordão cresceu na Copa do Mundo de 2022, quando o nome da mascote do torneio (La’eeb) era pronunciado de forma parecida com a gíria em questão.
A viralização foi tamanha que, no começo desse ano, o cantor Tierry aproveitou a febre para compor uma música chamada “Lá ele” ao lado de outro fenômeno: o cantor (e meme!) Manoel Gomes.
Metodologia
Para desvendar as expressões de maior interesse no país, a pesquisa da Preply teve como ponto de partida os termos em ascensão relacionados ao tema “meme” na ferramenta Google Trends, cujo período de análise abarcou pesquisas realizadas entre março e agosto deste ano nos mecanismos de busca. Compreendidas as frases virais de maior relevância, uma segunda análise girou em torno da quantidade total de buscas de cada meme no período — o que possibilitou a criação de um ranking com base no comportamento digital dos brasileiros nos últimos seis meses.
Sobre a Preply
A Preply é uma plataforma online de aprendizagem que conecta milhões de professores nativos a alunos de todo o mundo. A empresa fundada em Kiev, na Ucrânia, e que conta com escritórios em Barcelona, Espanha, já alcançou mais de 140 mil professores que ensinam 50 idiomas em 203 países ao redor do planeta. A solução proporciona uma relevante e eficiente experiência de aprendizado a preços justos. Mensalmente, a Preply realiza estudos e pesquisas nas áreas de educação, mercado, estilo de vida e outros temas relevantes para o mundo globalizado.
NEXP
O NEXP é um site de entretenimento, cultura pop, geek e nerd, com foco também em música, literatura e as áreas independentes do jornalismo. Conta com um podcast com os mais variados convidados, para escutar nossos episódios, escolha seu agregador favorito de podcast e acompanhe com exclusividade. iTunes/Apple | Amazon Music | Google Podcasts | Deezer | Amazon Music e Breaker, Castbox, Pocket Casts, RadioPublic e no Spotify. Confira mais episódios em nossa página sobre o Podcast.