Provavelmente você já viu algo oriundo do universo Studio Ghibli por aí. Seja um Totoro, uma bruxa voando sobre uma vassoura com um enorme laço vermelho no cabelo e um gato preto na bolsa, uma princesa selvagem defendendo a natureza literalmente com unhas e dentes, um sem-rosto… Você geek já teve algum contato com a produtora nipônica, não é mesmo?
Mas porque as obras de Hayao Miyazaki conquistaram tanto espaço na cultura moderna? Bom, essa pergunta não é tão fácil de responder, mas para começo de conversa, seis de seus filmes estão entre as dez maiores bilheterias em filmes de anime, sendo “A viagem de Chiriho” o filme com a segunda maior bilheteria da lista e ganhador dos prêmios “Urso de Ouro” em 2002 e o “Oscar de Melhor Filme de Animação” em 2003. Cá entre nós: único filme de língua não-inglesa a ganhar o Oscar de melhor filme de animação!
Ah, não você se impressiona com números e prêmios? Então vamos falar de conteúdo! Sabe um filme que você assiste em mais ou menos uma hora e meia, mas ele dói no seu coração a vida inteira? Pois é o caso de “O Túmulo dos Vagalumes” que conta a triste história dos irmãos Seita e Setsuko lutando para sobreviver durante os meses finais da Segunda Guerra Mundial. O longa foi considerado pela crítica especializada como um dos melhores e mais importantes longas-metragens sobre a guerra, além de ser também considerado uma das melhores produções anti-guerra da história, ao lado de obras como “A Lista de Schindler” e “O Pianista”.
E o Studio Ghibli tem muita estrada rodada para contar história! Oficialmente surgiu em 1985, mas seu grande fundador, Hayao Miyazaki, que na época já era um nome conhecido no cinema japonês, lançou no ano anterior a animação “Nausicaä do Vale do Vento”, cujo sucesso foi tão grande que levou Miyazaki e seus coprodutores Isao Takahata, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma a se juntarem e criarem seu próprio estúdio de animação.
Logo em seguida o Studio Ghibli lançou Castelo no Céu, seu primeiro filme oficial. A recepção do filme foi excelente, tanto por parte da crítica quanto do público. Desde então, mais 20 animações em longa-metragem foram lançadas pelo estúdio e suas produções até hoje são consideradas ícones capazes de levar parte da cultura e costumes orientais para todo o restante do mundo, emocionando espectadores e cativando fãs.
Calma lá que ainda tem curiosidades para contar!
Lembra que o filme “A Viagem de Chihiro” foi a primeira animação de idioma não-inglês a ganhar o Oscar, né? Mas Miyazaki não compareceu à cerimônia de 2003. O diretor se negou participar em razão do envolvimento dos EUA com a guerra do Iraque. É boicote que chama, né?
O mais recente longa do Studio Ghibli, “Aya e a Bruxa” de 2020, é seu primeiro longa a ser feito inteiramente em CGI, mas isso é uma raridade: a quantidade de CGI utilizada nos demais filmes não chegava a 10% da produção. Isso porque Miyazaki prefere o traço de animação tradicional. Até mesmo as ondas de “Ponyo” ele desenhou a mão.
“Aya e a Bruxa”, por sua vez, tem a produção assinada pelo seu filho, Goro Miyazaki, que tomou a não muito acertada decisão de apostar no CGI total para a animação. O resultado foi um filme de pouca expressividade, caras e bocas genéricas e cenários sem graça. Aqui no Brasil, o filme veio pela Netflix, mas se quer durou 12h no catálogo, sendo retirado sem qualquer explicação – embora atualmente já esteja de volta ao serviço de streaming. Fica aí o questionamento: Com um estilo próprio tão marcante e querido pelos fãs, Goro inventou de imitar a Pixar por quê?
E a atenção aos detalhes que só o Studio Ghibli tem? Em “A Viagem de Chihiro”, os animadores gravaram um veterinário abrindo a boca de um cachorro como referência para a cena em que Chihiro coloca a mão na boca do dragão Haku. A cidade que ambienta “O Serviço de Entregas da Kiki” foi modelada com base em Estocolmo, São Francisco, Paris e lugares na Irlanda e Itália.
Além disso, o Studio Ghibli tem uma política severa sobre a adequação de seus filmes no exterior: Miyazaki é rigorosamente contrário a cortes e reedições, além de pedir que as traduções sejam o mais próximo possível das palavras e ideias originais usadas nos filmes.
Tá, mas agora eu quero ver os filmes! E aí?
Bom, como você já mergulhou em informações e curiosidades sobre o Studio Ghibli o bastante para um dia, aqui vai a lista completa dos seus filmes, em ordem de lançamento. E como nós do NEXP somos bonzinhos, já adiantamos que com exceção de “Túmulo dos Vagalumes”, todos estão disponíveis na Netflix e metade deles também está na Apple TV. Bom filme!
- Nausicaä do Vale do Vento
- O Castelo no Céu
- Meu Amigo Totoro
- Túmulo dos Vagalumes
- O Serviço de Entregas da Kiki
- Memórias de Ontem
- Porco Rosso: O Último Herói Romântico
- Eu Posso Ouvir o Oceano
- Pom Poko – A Grande Batalha dos Guaxinins
- Sussurros do Coração
- Princesa Mononoke
- Meus Vizinhos, os Yamadas
- A Viagem de Chihiro
- O Reino dos Gatos
- O Castelo Animado
- Contos de Terramar
- Ponyo – Uma Amizade que Veio do Mar
- O Mundo dos Pequeninos
- Da Colina Kokuriko
- Vidas ao Vento
- O Conto da Princesa Kaguya
- As Memórias de Marnie
- Aya e a Bruxa