Entre os top 10 filmes que completam a disputada lista da Netflix, nesta semana está entre os destaques o longa “A Escavação”.
Em exibição desde 29 de janeiro, o filme já alcançou o top 3 da plataforma. O fato curioso, além de se tratar de um drama histórico, é que o longa é uma das poucas produções – entre três – que ocupam o topo da lista do entretenimento preferido dos usuários nesta semana.
A Escavação, como já diz o nome, conta a história de uma das descobertas mais importantes do Reino Unido. Era 1938, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, quando a viúva Edith Pretty contratou o escavador Basil Brown para explorar suas terras.
A história de vida de Edith é peculiar. Após ser pedida em casamento não menos do que 15 vezes, a personagem principal da trama se casou com seu então companheiro, Frank Pretty, com quem teve o pequeno Robert.
Depois de casados, o casal decidiu se mudar para Sutton Hoo, onde sabiam que o local era um antigo cemitério de dois povos medievais. Foi apenas anos mais tarde, com a morte de seu marido Frank, que Edith decidiu iniciar as escavações.
Como relatado no filme, o início dos trabalhos não foi fácil. Após um tempo de procura, foi que Brown finalmente conseguiu encontrar o verdadeiro tesouro: um barco funerário algo-saxão, mas não demorou para que um grupo de arqueólogos entrasse na história, tirando a descoberta das mãos do escavador.
A recuperação do barco ficou ainda mais importante após a descoberta de uma grande quantia de ouro em uma câmara mortuária dentro da embarcação.
Dentre os personagens, além de Brown e Pretty, destaca-se também Peggy Piggott. Além da cena na qual a arqueóloga encontra o primeiro pedaço de ouro, ela também foi responsável pela publicação da história.
O filme, lançado apenas este ano, foi inspirado no livro de mesmo nome escrito por John Preston. O que poucos sabem é que, na verdade, Preston é sobrinho de Piggott. Ao saber da descoberta na qual a tia fazia parte, o escritor decidiu relatar a história da escavação que mudou a história da Grã-Bretanha.
Com cerca de 1h52min, o drama histórico traz o reconhecimento merecido aos nomes de Basil Brown e Edith Pretty, que foram apagados da descoberta desse patrimônio histórico britânico.
A importante contribuição da dupla foi reconhecida apenas recentemente, onde o nome dos dois permanece ao lado da exposição permanente do barco no Museu Britânico, para onde o patrimônio havia sido doado.
Mesmo após mais de 80 anos da primeira descoberta, Sutton Hoo é até hoje um dos principais centros de exploração do Reino Unido.
A manutenção das pesquisas de campo no local traz à tona um dos discursos tratados durante a trama: a herança humana. Assim como Brown (que herdou o legado das escavações de seu pai, tendo este aprendido com seu avô), a procura por novas descobertas que possam ajudar a conhecer nossos antepassados percorre de geração em geração.
No entanto, o longa não teria feito tanto sucesso se não fosse pelas atuações impecáveis dos atores. Os protagonistas, Ralph Fiennes, Carey Mulligan e Lily James, conseguiram dar o toque que faltava no drama.
A respeito dos dois primeiros, o casal também soube trazer os elementos de um típico romance britânico. Ao passo que o longa caminha para um romance discreto entre os personagens, com troca de olhares, o cuidado e a atmosfera levemente tensa, o telespectador é surpreendido no meio do enredo, quando a trama passa a dirigir seu foco para a descoberta arqueológica, transformando o filme em uma reflexão sobre o legado humano.
Outro aspecto que torna o filme tão real é a fotografia de Mike Eley. Os planos distantes escolhidos para compor a cena com a junção de uma paleta de cores pálidas dão vida ao filme. Assim como na cena do início das escavações – quando o personagem de Brown está retirando a terra em contraste com o sol – traz uma atmosfera poética ao filme.
Assista ao trailer do “A Escavação”, disponível na Netflix: