‘Seaspiracy: Mar Vermelho’, documentário revelador da Netflix

Estreado em março deste ano na Netflix, “Seaspiracy” é um documentário sobre o impacto da pesca e sua indústria no mundo e, obviamente, nos oceanos, mas esse é um resumo muito curto sobre tudo o que o documentário aborda e os questionamentos que surgiram com ele.

Produzido por Kip Andersen, o documentário de uma hora e trinta minutos, é dirigido, protagonizado e narrado por Ali Tabrizi, um cineasta inglês. Além de diretor de cinema, Ali é um amante do oceano e, por isso, começou a pesquisa com a intenção de realizar um documentário sobre os mares e suas maravilhas. Porém, percebeu os impactos negativos que os humanos estavam causando e iniciou sua busca investigativa para entender melhor o que está acontecendo nas águas do mundo. 

Se você já assistiu o documentário “Cowspiracy”, de 2014, do mesmo produtor e também disponível na Netflix, você consegue ter dimensão da investigação e tom incisivo do “Seaspiracy”. “Cowspiracy” é um filme que busca através de entrevistas, pesquisas, dados e muita observação, entender mais sobre a indústria alimentícia de carne e o quão prejudicial ela pode ser.

Reprodução Netflix

Em “Seaspiracy” (que, em português, seria uma mistura de “oceano” com “conspiração”), os envolvidos na produção trouxeram informações de forma dinâmica e instigante sobre poluição dos mares, pesca ilegal e pesca excessiva, matança de golfinhos e tantos outros animais, causando ameaça de extinção nessas espécies, e tudo isso resultando em um desequilíbrio da natureza. 

O filme traz imagens fortes e inéditas desde animais marinhos sendo mortos das formas mais cruéis e até de tráfico humano, causando realmente um impacto na mente de quem está assistindo.

 

Cena de Seapiracy (Foto: Cortesia Netflix)

Alguns especialistas criticaram o documentário na internet, por desinformação e informações deturpadas, por não abordar alguns aspectos importantes para essa discussão e pregar o fim do consumo de carne pela humanidade, o que, segundo eles, não seria viável neste momento. Uma matéria do The Guardian explica essas críticas. 

Porém, como quase tudo na internet, muitos elogiaram, se sentiram impactados com a quantidade de informação desconhecida sobre o assunto e divulgaram o longa. 

O naturalista, apresentador de televisão e autor inglês, Chris Packham, explicou, em uma conversa sobre o documentário para o BBC Morning Live, a veracidade do que o filme sugere sobre os frutos do mar se extinguirem até 2048. “Eu acho que isso é uma possibilidade muito real, sabemos que em algumas espécies 90% dos peixes que comemos já desapareceu devido a larga escala de pesca industrial”, comentou.

Porém, segundo Packham, a solução vegana trazida pelo documentário, de que todos deveriam parar de comer frutos do mar e peixes, é idealista, pois muitas comunidades ao redor do mundo dependem inteiramente da pesca para sobreviver, o que precisamos é  “administrar a pescaria de forma sustentável”. 

Seaspiracy. c. Courtesy of Netflix © 2021

Opiniões e divergências à parte, o que o documentário traz é um contexto complexo e cheio de informações a serem estudadas, mas que causa uma importante reflexão sobre o tema. E uma conclusão de que existe de fato uma falta de regulação no mar. Um dos entrevistados afirma durante o documentário: “Estamos em guerra com o oceano e se ganharmos essa guerra, nós vamos perder tudo, porque a humanidade não é capaz de viver nesse planeta com um oceano morto”.