Dando sequência na série de grandes discos do ano de 1991, trazemos hoje álbuns de algumas das vertentes mais barulhentas do rock. Trabalhos que trouxeram grande reconhecimento para as respectivas bandas, sendo o início de uma sequência de grandes álbuns para alguns, e para outros, um dos seus últimos grandes feitos.
Guns N’ Roses – “Use Your Illusion I & II”
Lançar dois álbuns inéditos ao mesmo tempo não é pra qualquer banda e isso foi o que o Guns N’ Roses fez em 1991. Estreando nos primeiros lugares nas listas da Billboard, “Use Your Illusion I” e “Use Your Illusion II” venderam cerca de 960 mil cópias no dia de lançamento.
Segundo o guitarrista Slash, boa parte do repertório presente nos álbuns foi composto no violão, após muitos meses sem produzirem novas canções.
O volume 1 traz elementos de blues, country e música clássica, sem deixar a estética hard rock do grupo, além de ser o primeiro trabalho da banda com a participação do baterista Matt Sorum (ex-The Cult), que substituiu Steven Adler durante as gravações do projeto. Algumas faixas não são cantadas por Axl Rose. O guitarrista Izzy Stradlin interpreta “You Ain’t the First”, “Dust N’ Bones” e “Double Talkin’ Jive”.
O álbum contém sucessos como “November Rain”, “Don’t Cry”, “Garden of Eden” e a versão de “Live and Let Die”, de Paul McCartney. Destaque também para “Coma”, “Perfect Crime” e “The Garden” (com a participação de Alice Cooper).
Já o segundo volume traz canções mais pesadas, mantendo a linhagem hard rock que consagrou o grupo. Destaque para “Civil War” (ainda com Steven Adler na bateria), “Yesterdays”, “You Could Be Mine” (trilha sonora do filme “O Exterminador do Futuro II”) e “Knockin’ on Heaven’s Door”, de Bob Dylan. O baixista Duff McKagan canta na faixa “14 Years”, além de ser o último álbum com a participação de Izzy Stradlin.
Metallica – “Black Album”
Conhecido como o “álbum preto”, o quinto álbum Metallica foi lançado em agosto de 1991 e logo foi aclamado pela crítica e pelo público. Neste álbum, a banda se afasta do trash metal presente em seus primeiros trabalhos, voltando-se para as raízes do heavy metal. O disco também conta com arranjos de cordas em faixas como “Nothing Else Matters” e “The Unforgiven”.
Produzido por Bob Rock, “Black Album” traz hits como “Enter Sandman”, “Sad But True”, “Wherever I May Roam” e ótimos momentos em músicas como “Holier Than Thou”, “The God That Failed”, “The Struggle Within” e “My Friend of Misery”.
O disco está na lista dos 200 álbuns definitivos do Rock and Roll Hall of Fame e na lista dos 500 melhores álbuns da Revista Rolling Stone.
Sepultura – “Arise”
Lançado em março de 1991, “Arise”, quarto álbum do Sepultura, é considerado um marco na carreira da banda e na história do trash metal, trazendo as primeiras incursões experimentais, além de ser o primeiro trabalho da banda gravado fora do Brasil.
Sob produção de Scott Burns, que havia trabalhado com o grupo no álbum anterior “Beneath the Remains” (1989), o disco traz alguns samplers e efeitos sonoros, influenciados por bandas do metal industrial.
Para promover o disco, a banda passou por 39 países durante os anos de 1991 e 1992. Algumas dessas apresentações foram realizadas no Brasil, como na segunda edição do Rock in Rio e na Praça Charles Miller em São Paulo, onde foi gravado o clipe de “Orgasmatron”, regravação da música originalmente lançada pelo Motörhead, presente apenas nas edições brasileira e europeia do disco. Com público estimado em 40 mil pessoas, o show ficou marcado por muitas brigas, esfaqueamentos e até mesmo tiros. Um rapaz acabou falecendo.
Bem recebido pelo público e pela crítica, o disco contém clássicos como “Dead Embryonic Cells”, “Under Siege (Regnum Irae)”, a faixa título “Arise”, além de músicas como “Desperate Cry”, “Murder” e “Infected Voice”.
“Arise” ganhou um disco de ouro na Indonésia, atingindo a marca de 25 mil álbuns no país. O álbum vendeu mais de um milhão de cópias em todo o mundo.
Ratos de Porão – “Anarkophobia”
Também lançado no início de 1991, “Anarkophobia”, sexto disco do Ratos de Porão, traz passagens instrumentais mais técnicas, com riffs bem trabalhados e uma base sólida e agressiva.
Gravado em Berlim no Music Lab Studio, o disco traz músicas como “Igreja Universal”, “Sofrer”, “Ascensão e Queda”, “Escravo da TV”, “Anarkophobia”, além de “Commando”, ótima regravação da música dos Ramones. É o último registro com a participação do baterista Spaghetti, que deixou a banda logo após o lançamento.
Soundgarden – “Badmotorfinger”
Gravado entre março e abril de 1991, “Badmotorfinger”, terceiro álbum do Soundgarden, elevou o grupo liderado por Chris Cornell (1964-2017) ao status de grande banda, emplacando diversos singles, em um trabalho mais maduro e consistente.
Com hits como “Outshined”, “Rusty Cage” e “Jesus Christ Pose”, o disco obteve grande sucesso, atingindo o 39º lugar na parada Billboard 200. Com ótimas músicas como “Slaves and Bulldozers”, “Face Pollution”, “Drawing Flies” e “New Damage”, “Badmotorfinger” foi um dos responsáveis pela popularização do movimento grunge naquele período.
Na próxima semana, voltamos com mais um texto, contendo outros cinco trabalhos lançados em 1991.
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