Finalmente é chegada a hora da história de um dos maiores – se não o maior – vilões da DC. Nele nos é apresentado o personagem Arthur Fleck (interpretado por Joaquin Phoenix) que trabalha como palhaço em uma agência. Devido a sua condição mental, onde em momentos de tensão ele acaba rindo, Arthur visita toda a semana uma agente social. O filme nos mostra a reação da sociedade em relação a uma pessoa que tem um tipo de transtorno mental e como o Arthur lida com isso.
À primeira vista, Joaquim Phoenix não tem cara de Coringa. Eu, por um momento, fiquei me questionando como ele faria tal papel, como daria vida a um personagem psicopata e louco? Ao assistir o filme, entendi o porque ele foi escolhido para o papel. Houve uma entrega tão grande e tão profunda que o efeito final é impactante. Ele atua não só com a voz, mas com o corpo, justamente por isso vale comentar que o filme pode ter gatilhos para quem não está acostumado com temas sensíveis, pois a forma que é abordada acaba nos fazendo refletir como isso ainda é atual.
A fotografia e a paleta de cores casam bem, e consegue te situar de como Gotham está naquele momento. A cidade está suja, imunda e perigosa. Mesmo que Arthur seja o foco da câmera quase que o tempo todo, o filme ainda não deixa de mostrar em segundo plano as tramas pelas quais a cidade está passando: há uma tensão, há desânimo, há um abandono. O que realmente foi muito bom porque não deixa o espectador confuso e traz até uma compreensão com o personagem, nós entendemos o seu aspecto cansado.
O roteiro aqui começa com uma leve tensão que vai aumentando conforme o andar da história. Há momentos em que você, involuntariamente, ri de nervoso. É possível entender pelo menos quase todos os personagens, o que cada um está fazendo ali, mas em determinado ponto te faz ficar confuso, existe um personagem em específico que você não entende por completo o rumo dele. Durante o desenvolvimento da história, em torno da metade do filme, ele acaba entrando em uma zona delicada, onde faz com que se pense que irá acontecer “uma cagada”, que pode impactar a DC, e isso acaba deixando receio. Já para o final, todos esses fatos são usados para “brincar” com o espectador, até que isso evolui para algo muito mais impactante e percebe-se que realmente não era uma falha no roteiro.
E como se não bastasse, o diretor ainda lhe dá a liberdade de poder interpretar da maneira que melhor optar.
Novamente, Coringa é um filme que pode te trazer revolta; de certa forma, tensão, além também de toda a violência que contém, pois você compreendendo o personagem, e às vezes até se identifica com ele. O filme faz sua cabeça ficar refletindo sobre tudo aquilo que assistiu, então se for mais sensível a esses temas, fica o aviso que pode conter gatilhos. É um filme profundo, merecedor de Oscar.
Esse é o Coriga que queríamos.