Porque não se deve comparar GoT e The Witcher

 

Antes mesmo de ser lançada, a série “The Witcher” da Netflix já despertou algumas comparações com “Game of Thrones” da HBO. Em especial sobre as cenas de luta: um dos críticos que teve acesso prévio a 5 episódios da série chegou a dizer que “comparado as cenas de batalhas de The Witcher, as cenas de batalhas de Game of Thrones parecem dois bêbados brigando do lado de fora de um bar…” 

Mas é no mínimo injusto traçar esse paralelo. Tanto Got quanto The Witcher se passam em universos similares à nossa era medieval, se enquadrando no gênero “fantasia medieval”, mas para por aí. Enquanto a trama central de Got é uma disputa política, pelo Trono de Ferro, em The Witcher, por sua vez, é focada na jornada de Geralt de Rívia caçando monstros, com o plano de fundo o confronto entre os reinos de Nilfgaard e Cintra.

Sobre os elementos de cada trama, a mitologia de cada uma das séries também é bastante distinta entre si. Game of Thrones está mais perto da nossa realidade, com uma quantidade reduzida de criaturas fantásticas. Lá por exemplo, os dragões são “mais uma espécie animal”. Nesse quesito, The Witcher se aproxima mais do RPGs ao estilo “Dungeons and Dragons”, uma gama de criaturas místicas, onde dragões falam e as pessoas se dividem em comuns, bruxos, magos e etc… O roteiro de Got é mais complexo e com mais amarrações (inserir aqui repúdio às ultimas temporadas) do que o roteiro de The Witcher, talvez seja cedo para falar, afinal, temos apenas uma temporada. Além disso, sexo, nudez e violência são elementos que, em tese, podem aparecer em qualquer narrativa, mas são muito mais carregados em Got do que em The Witcher.

As tramas também, embora proveniente de livros foram escritas originalmente em momentos diferentes enquanto os primeiros contos do polonês Andrzej Sapkowski foram publicados em meados dos anos 80, sendo primeiro deles, chamado “Wiedźmin” (“O bruxo”), em 1986, e a saga original foi lançada entre 1993 e 1996. Já a saga de George R. R. Martin começou a ser publicada em 1996 e continua até hoje.

É compreensível ver algumas semelhanças entre os universos das narrativas, mas por uma contra outra em comparação é injusto, pois elas seguem linhas diferentes de trama e cada uma delas compõe sua história com elementos próprios. Que Got abriu caminho para produções de fantasia medieval, é inegável, mas witcher não bebe em sua fonte, apenas veio nessa abertura de momento. Você pode gostar de uma mais que de outra, pode gostar de uma e não de outra, mas não deve usar uma como base em relação a outra para comprar as produções: elas estão longe de ser “uma cópia da outra” ou sequer serem parecidas.