Ouvimos: “SUPER” novo álbum do JÃO

Jão

Você amou como um idiota ama, não foi santo não e amanhã você vai acordar. Essas letras foram topo das paradas em 2022 nos streamings musicais e fez Jão estar em diversas retrospectivas no fim de ano. O cantor não exitou e lançou um álbum de inéditas: Super. 

Quem é Jão?

Além de ser uma gíria estadual, se você dormiu nos últimos anos e não ouviu nenhuma rádio ou acompanhou tendências, essa parte é para você. Caso não, pule pro próximo parágrafo. 

Jão nasceu em Américo Brasiliense, interior de São Paulo, em 1994. Em 2016 começou a carreira publicando vídeos de covers no Youtube, o talento do cantor e compositor chamou a atenção de produtores da  Universal Music Group. Jão Vitor Balbino apeliado por sua irmã de “Jão” é um fenômeno da música brasileira atual. 

Jão posusi quatro álbuns de estúdio lançados:  Lobos  de 2018, Anti-Herói de 2019, Pirata de 2021 e Super em 2023.

Jão lança SUPER

Jão surfou no hype de seu sucesso, algo normal para um cantor do século XXI, onde as coisas possuem prazo de validade curto. Se você não concorda, por acaso ouviu Maneskin ou Jovem Dionísio nos últimos dias? Então, Jão está certo em lançar inéditas, mas não em lançar tudo de uma vez, o cantor não fez singles ou aguçou seus fãs por lançamentos, ele jogou um álbum no colo da mídia. SUPER de Jão, teve uma audição com Lyric Vídeos e uma entrevista. 

A popularidade do cantor é tanta que uma audição no ginásio do Ibirapuera não é para qualquer um hoje em dia, mas após ouvir o álbum completo só consigo pensar em uma coisa. Jão é sem dúvidas um grande intérprete, um canto exímio, dono de uma incrível voz ao vivo e no estúdio, mas como ele pode ter feito um álbum tão limitado?

SUPER, novo álbum de Jão músicas pessoais demais, não atrativas, com temas limitados e bons instrumentais. 

Sim, é isso mesmo, se você já sentiu raiva por ler isso, análises musicais sinceras não são feitas para você. Jão é muito bom? Sim. Porém, o cantor vive um looping de um ou mais relacionamentos que não avançaram ou uma grande desilusão amorosa que está presente do primeiro ao último segundo do programa. 

O álbum é muito difícil de entender, se você não está na história de vida do cantor, se sente deslocado, perdido e confuso, apenas as pessoas que são os personagens da história ou amigos muito próximos, conhecedores daquilo, talvez Jão se esqueceu de que a música não é para ele próprio e sim para um público geral. 

O álbum é limitado, sem muita criatividade, mesmo o cantor dizendo que isso é a vida dele, será que a vida inteira dele foi somente sobre desilusões amorosas? É esse o ponto. O que surpreende é a ausência de letras cativantes, refrões pegajosos e uma música que toque o íntimo de um ouvinte. 

Jão tinha tudo, não entregou nada. Tinha a fama, o público, a mídia e o melhor a qualidade, mas acabou se perdendo nas próprias histórias e seus devaneios de amor, fizeram o álbum ter uma qualidade bem baixa, trago aqui que Jão teve a síndrome de Imagine Dragons, talvez? Um álbum bom e um ruim, oscilando, já que não podemos perder um artista de tanto potencial em assuntos de adolescente. 

O disco parece um love-songs não romântico, feito para senhoras que estão com problemas no casamento e começam a ler livros eróticos, surreais, para aguçar a imaginação delas, livros que as mães escondem dos filhos, mesmo sem nenhuma imagem. 

O que tem de bom no álbum de Jão?

Sim, ainda há algo de bom para trazer no álbum SUPER. O instrumental é de uma qualidade exímia, a criatividade em troca de notas, transições dentro de algumas músicas e o os artistas responsáveis pela sonoridade e percursão, estão de parabéns. 

A nelhor música do disco, é “Se o Problema era Você, Por que Doeu em mim?” alcançando uma nota 6.5 na escala de análise.

Abaixo, as classificações Faixa a Faixa:

Artista: Jão

Álbum: SUPER

Músicas: 14

Tempo: 41min e 49s

Lançamento: Agosto de 2023

Selo: Universal Music

  1. Escorpião – 3.0   elementos sonoros bons, mas a letra é péssima, melodia
  2. Me Lambe – 5.0  o ritmo é bom, mas não empolga, o instrumental é bom
  3. Gameboy – 3.0 
  4. Alinhamento Milenar – 6.0 – lembra a proposta inicial
  5. Lábia – 5.0 
  6. Maria – 5.0 poderia ser maior, músicas com menos de 2 minutos não dá (inglês misturado)
  7. Julho – 5.0 instrumental incrível, letra é ruim
  8. Eu Posso Ser Como Você – 4.0
  9. Sinais 4.0
  10. Se O Problema Era Você, Por Que Doeu em Mim? – 6.5 – melhor 
  11. Locadora – 4.0
  12. Rádio – 5.5 – 30seg intro – boa
  13. São Paulo, 2015 – 3.0 – oscila entre o bom e ruim
  14. Super – 3.0

Nota geral: 5.0

A mídia exaltou o álbum, algumas análises saíram antes mesmo do álbum ser lançado, mas ninguém faz algo completo em relação a música, sem antes escutar pelo menos 2 vezes ou até três. A mídia foi parceira, talvez para ganhar pontos e conseguir entrevista com o artista e surfar no momento que ele vive. 

Há um grande problema de pessoas que nunca escreveram sobre música, do nada, precisarem noticiar lançamentos. E em SUPER, este foi o caso, acompanhando o release da assessoria, mas puxar saco ou apenas ser favorável para atrair benefícios, não é visto como ético.

Jão não faz parcerias em seu álbum, algo que me gera dúvida, já que o artista saiu do cenário independente, mas esqueceu totalmente de suas origens de verdade e daqueles que estavam na luta para transcender do alternativo para o mainstream, mas é claro, a maioria dos artistas faz isso. 

Considerações extras: SUPER – Jão

Se você possui uma percepção aguçada, pode me confirmar se a canção “Sinais” tem algo parecido em sua introdução, com a clássica “House of The Rising Sun”. Não há aqui uma acusação de plágio, há uma análise de que pode parecer, algumas pessoas acharem que não tem nada a ver, mas é um ponto de observação. 

Jão é realmente um fenômeno, mas ainda não empolga como letrista. Em geral a nota do álbum fica com 5. Esse trabalho, se for o último que trata dos mesmos assuntos, será de grande valia, pois o disco precisa ser virado, algumas coisas superadas e a qualidade explorada. 

Sobre Klaus Simões 455 artigos
Jornalista pela FIAM, Técnico em Comunicação Visual pela Etec de São Paulo, especialista em coberturas de eventos, esportivas e musicais, geek e alternativo. Responsável pelo NEXP Podcast.