A forma como mangás atraem a atenção dos leitores, possui uma característica interessante, diferente dos quadrinhos americanos que chamam atenção pelo nome já construído sobre os heróis ou apenas por conta do personagem da história. O interesse nasce do quão interessante é o plot inicial, que seria a proposta da história, o motor inicial dos eventos que o autor pretende contar a grosso modo. Claro que isso não é a única coisa que faz alguém começar a ler uma nova história, mas de certo modo, é o que faz algo ter sucesso ou não em seu primeiro momento, ao menos no meu ponto de vista.
O quanto importa o começo do mangá? Isso está conectado com a expectativa do leitor, por exemplo: existem aqueles mangás que ao serem recomendados a primeira frase é: “ah mas fica melhor depois de tal parte”. Estilo Tutor Hitman Reborn depois do volume 9 ou One Piece em Alabasta, ao menos é o que costumam dizer. Se o leitor começa por uma recomendação, danos podem ser evitados ou amenizados, mas quando se começa sem ter esses avisos prévios, pode ocorrer de se dropar o anime ou o mangá, ao menos eu já dropei One Piece umas quatro vezes, sempre assisto até a metade da saga do Chopper e depois paro. Isso é um outro componente importante do começo, o autor precisa ter certo controle sobre o quão longa a obra há de ser.
Porque se ele se perder já no começo apresentando muita coisa simultaneamente, a tendência é ficar confuso demais e desanimar o leitor. Contudo, quando o autor acerta na medida das perguntas a serem feitas e no quanto da personalidade do protagonista e dos coadjuvantes ele mostra, melhor tende a ser o começo, desse modo, o começo é importante, pois é a chave que abre a porta para o leitor no mundo do autor. E assim o mangá é julgado com razão pelo começo e isso é um cuidado muito importante que deve existir ao se recomendar um mangá, pois a forma como o início é apresentado vai influenciar muito na experiência, depois isso pode mudar, mas não muito.
O que ocorre no início da obra é um ponto que gostaria de dar destaque, é aqui onde surgem as regras do mundo do autor. normalmente no início da obra o autor apresenta a física e as regras do mundo, o que se pode ou não fazer e como se pode ou não. Claro, que isso pode mudar, mas quando essas regras são apresentadas ao leitor de forma sincera e que dão um tom realista e criam aquilo que chamo de “senso de perigo” e o que no decorrer da história vai dar a impressão de que tudo pode dar errado. É um sentimento meio difícil de se explicar, mas eu diria que é a sensação da possibilidade do Sasuke morrer em Naruto, por exemplo, há a dúvida de se o autor terá coragem ou não de certo personagem e até mesmo o protagonista morrer.
Vale citar, que existe uma certa liberdade para mudar as regras como ocorre em Atelier Witch Hat, que a regra já muda no começo da história, onde a fonte da magia muda distorcendo toda a expectativa inicial do leitor. Eu quis dar um destaque para isso das “regras”, pois por exemplo eu gosto muito de Sword Art Online, mas no final do arco das fadas o Kirito salva a Asuna por meio da força de vontade dentro de um sistema computadorizado, o que para mim só não é mais forçado que o poder da amizade de Fairy Tail. Consigo aceitar e seguir lendo o mangá e a novel, mas é uma daquelas coisas que se relevam e caso comece a se repetir a tendência é a de tirar o interesse. Você pode argumentar: isso é o desenvolvimento não tem relação com o começo da obra”. E neste caso, acabo respondendo: ‘As regras estão lá no começo e elas vão influir até o fim. E ao menos, acho que é decepcionante quebrarem essas regras e fazer com que o “senso de perigo” desapareça, pois ele apenas sumiu por conta do autor não conseguiu resolver o problema que criou. O raciocínio sobre os problemas que o autor não consegue resolver leva a outras coisas como o fim de uma obra, mas isso é assunto para outro texto.
Todo este raciocínio me leva a crer que metade do carinho de uma obra está relacionado com seu início., muitos amam Bleach por conta dos primeiros dois arcos, mas depois inferem que fica horrível, mas por terem criado um certo carinho pelos personagens continuam acompanhando a obra. Os problemas relacionados ao que isso leva são coisas sobre fim, mas focando no início da história é importante lembrar que às vezes uma pergunta cria um novo leitor. tem muitas histórias que chamam atenção por serem o mero “e se”.
Um exemplo é ServantXService que a pergunta é: e se contássemos a história do dia a dia de funcionários públicos de um cartório japonês, muitos podem achar estranho, mas a mera proposta diferente do costumeiro já chama atenção de ao menos uma parte do público e isso se relaciona muito também com o gosto dos leitores e do que eles consideram um bom mangá.
Por fim para mim um bom começo é aquele que propõe mistérios e apresenta personagens sem contar tudo, mas ao mesmo tempo se mantendo uma pulga atrás da orelha. Também criando regras para esse mundo de modo que exista um nível de previsibilidade de onde a história pode levar. Claro que existem história que se propõem a não serem previsíveis, mas a ideia é falar de uma tendência mesmo.
Para você o que é um bom começo? Bem comenta aí. Obrigado por chegar até aqui e até a próxima.
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