Quando você pensa em Lollapalooza, vem à mente um festival gigante, cheio de atrações internacionais, mas também pensa em artistas cancelando, o que tem sido recorrente, festival paralizado devido a chuva e sem cobertura de imprensa de veículos independentes e especializados em música, já que a produção e a assessoria não abrem espaço. E jamais pensaria em escravidão, certo? Errado!
Escravidão no Lollapalooza?
O Lollapalooza está sendo investigado, após trabalhadores em situação análoga à escravidão estarem trabalhando no festival. O evento estava submetendo cinco profissionais que atuavam na preparação do evento ao trabalho escravo, eles foram resgatados na terça-feira (21), no autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, onde os shows sempre acontecem.
Eles trabalhavam como carregadores de bebidas em jornadas de 12 horas diárias: “Depois de levar engradados e caixas pra lá e pra cá, a gente ainda era obrigado pela chefia a ficar na tenda de depósito, dormindo em cima de papelão e dos paletes, para vigiar a carga”, afirma J.R, um dos resgatados.
Os funcionários atuavam na informalidade, sem os devidos registros trabalhistas, como manda a lei. “Com idade entre 22 e 29 anos, eles não tinham dignidade alguma, dormiam dentro de uma tenda de lona aberta e se acomodavam no chão. Não recebiam papel higiênico, colchão, equipamento de proteção, nada”, afirma Rafael Brisque Neiva, auditor fiscal do Trabalho que participou da operação de resgate, feita pela Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego.
Comunicado do Ministério Público
“O Ministério Público do Trabalho em São Paulo informa que na noite de ontem, 22/3, abriu procedimento para investigar caso de trabalho degradante na preparação do Festival Lollapalooza.
Na tarde de hoje houve a primeira audiência com as partes envolvidas e amanhã haverá outra. O procurador oficiante espera formar convencimento a partir das provas e dos depoimentos para decidir o caminho da atuação.
O MPT ressalta que os trabalhadores resgatados pela fiscalização do Trabalho na noite de ontem já tiveram suas situações regularizadas e receberam as verbas rescisórias e horas extras em atuação da Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, órgão ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego.”
Ingressos para o Lollapalooza com preços astronômicos
A meia para um único dia de evento estava sendo vendida a quase R$ 700. Os ingressos vão de R$ 1.300, para um dia de evento, a R$ 5.300 para pacotes mais luxuosos, que garantem os três dias de shows e acesso às áreas VIPs, com cadeira de massagem e outros benefícios. O festival movimentou mais de R$ 400 milhões, segundo a prefeitura paulistana.
Imprensa no Lollapalooza
Em mais uma edição, a Trovoa Comunicação alega que analisou todos os milhares de pedidos individualmente para credenciar a imprensa. Mesmo veículos especializados, registrados e referência em festivais, tiveram a credencial negada. A mensagem automática que já é vista todos os anos, não é acompanhada de uma explicação sensata por parte da assessoria do evento.
O jornalismo independente e musical, mais uma vez perde espaço para diversos influenciadores, personalidades do instagram e afins que comparecerão ao festival de maneira gratuita, mas o jornalismo não teve seu espaço, mais uma vez.
A imprensa publicou diversos releases sobre o evento, fazendo do Lollapalooza o evento mais buscado no Google, mas foi retribuído com uma mensagem automática de negativa, sem uma explicação por parte da Trovoa Comunicação.
Descaso com a imprensa e chateação com a classe, o Lollapalooza rompe as barreiras da ética e não permite o trabalho. Era possível solicitar o credenciamento para um único dia de festival, em mais um ano, a imprensa ficou de fora.
Réplica da T4F – organizadora do Lollapalooza
“Para realizar um evento do tamanho do Lollapalooza Brasil, que ocupa 600 mil metros quadrados no Autódromo de Interlagos e tem a estimativa de receber um público de 100 mil pessoas por dia, o evento conta com equipes que atuam em diferentes frentes de trabalho, em departamentos que variam da comunicação a operação de alimentos e bebidas, da montagem dos palcos a limpeza do espaço e a segurança. São mais de 9 mil pessoas que trabalham diretamente no local do evento e são contratadas mais de 170 empresas prestadoras de serviços.
A T4F, responsável pela organização do Lollapalooza Brasil, tem como prioridade que todas pessoas envolvidas no evento tenham as devidas condições de trabalho garantidas e, portanto, exige que todas as empresas prestadoras de serviço façam o mesmo.
Nesta semana, durante uma fiscalização do Ministério do Trabalho no Autódromo de Interlagos, foram identificados 5 profissionais da Yellow Stripe (empresa terceirizada responsável pela operação dos bares do Lollapalooza Brasil), que, na visão dos auditores, se enquadrariam em trabalho análogo à escravidão. Os mesmos trabalharam durante 5 dias dentro do Autódromo de Interlagos e, segundo apurado pelos auditores, dormiram no local de trabalho, algo que é terminantemente proibido pela T4F.
REPERCUSSÃO:
Nenhum influencer e nenhum "insta de fofoca" postando sobre o trabalho escravo do Lollapalooza, que impressionante né rs
— Igor (@igoorangel) March 23, 2023
Vamos de polêmica?
Estou observando um monte de gente aqui no tt que vive hablando sobre pautas sociais e raciais, como racismo no #BBB23, patriarcado, branquitude, trabalho escravo no vinícola no sul, xenofobia, etc…Fingindo não ver que acontece no Lollapalooza.
SIMETRIA. pic.twitter.com/ieyFjLAndA— Andre Garça 🎧 (@AndreGarca) March 23, 2023
A China é muito ruim mesmo, com essa quantidade de trabalho escravo… Ah não pera, é mais uma empresa privada no Brasil visando o lucro 🫢
Ufa então tá tudo bem, segue o jogo do capital 😒https://t.co/LsjYbJJ8z5— thiago trindade (@thiagottlsilva) March 23, 2023