Corinthians esports chega oficialmente ao fim

Corinthians esports

O Corinthians anunciou oficialmente a rescisão de contrato com a CDS E-Sports e Entretenimento, empresa responsável pelo licenciamento da marca alvinegra no cenário dos esportes eletrônicos desde 2022. A decisão marca o fim das operações do Corinthians E-Sports, que agora está sem equipe oficial nas competições de games.

O rompimento acontece após uma série de crises envolvendo a parceira, incluindo atrasos salariais, processos judiciais e denúncias de ex-funcionários. A CDS, que detinha o uso da marca Corinthians para o gerenciamento de equipes em modalidades como Free Fire, League of Legends, VALORANT, eFootball, PUBG e Mobile Legends, enfrentava instabilidade financeira e uma sucessão de polêmicas que culminaram na ruptura definitiva.

O fim do Corinthians esports

O Corinthians foi um dos clubes pioneiros a entrar no universo dos eSports. Desde 2017, a equipe alvinegra figurava entre as mais influentes do cenário competitivo, conquistando até mesmo o título mundial de Free Fire em 2019, feito que projetou o nome do Timão além dos gramados.

Porém, o projeto começou a desmoronar após sucessivas trocas de gestão. A CDS assumiu o controle em 2022, prometendo expansão e profissionalização do departamento, mas o que se viu foi um cenário de desorganização e falta de transparência.

Em julho deste ano, o Corinthians E-Sports foi excluído do Free Fire World Series Brasil (FFWSBR), principal campeonato da modalidade, por “não cumprimento de obrigações” com a desenvolvedora Garena. O caso expôs publicamente a fragilidade da administração e colocou a marca do clube em uma situação delicada.

A CDS E-Sports acumula mais de 50 processos trabalhistas, segundo registros judiciais. Diversos ex-atletas e funcionários relataram meses sem pagamento, falta de moradia e alimentação, além de promessas não cumpridas de benefícios como plano de saúde.
Em alguns casos, jogadores recorreram a vaquinhas online para evitar despejos e custear despesas básicas durante competições.

Os relatos também apontam para deficiências estruturais nas equipes, como falta de uniformes, baixa verba para alimentação durante campeonatos e auxílios diários que chegavam a apenas R$ 60 por pessoa. Em meio ao caos, a CDS chegou a justificar parte das dificuldades com bloqueios judiciais e falta de patrocínios.

Bastidores e disputas internas

A crise se agravou com as trocas de comando dentro da própria CDS. A ex-gestora Tate Costa afirmou ter herdado dívidas milionárias de administrações anteriores. Seu sucessor, Milson Januário, corintiano declarado, alegou ter investido mais de R$ 7 milhões do próprio bolso para tentar salvar a organização — mas o esforço não foi suficiente para conter o colapso.

O novo CEO chegou a culpar “movimentações irregulares” da antiga gestão e bloqueios judiciais que estrangularam o fluxo de caixa. Em resposta, Tate Costa e seu advogado, Rudolf Rocha, afirmaram que Milson tinha total ciência das movimentações e tentava “terceirizar a culpa”.

Com a situação financeira insustentável e a imagem do projeto manchada, os atletas começaram a rescindir contrato em massa. A maioria das equipes encerrou as atividades no início do segundo semestre, decretando o fim do Corinthians E-Sports como se conhecia até então.

A posição do Corinthians

O Sport Club Corinthians Paulista declarou em nota que o acordo com a CDS era estritamente de licenciamento de marca, isentando o clube de qualquer responsabilidade trabalhista ou administrativa sobre as equipes.

“O Corinthians reforça seu compromisso permanente com a transparência, a integridade de suas relações institucionais e a proteção de sua marca e de sua Fiel Torcida”, afirmou o clube em comunicado oficial.

Apesar da isenção jurídica, o caso acendeu um alerta sobre a necessidade de maior fiscalização nas parcerias que envolvem o nome e a imagem do Timão. Internamente, o departamento jurídico avalia medidas para garantir que atletas e profissionais afetados não sejam prejudicados.

O que vem a seguir?

Com o término da parceria, o Corinthians não possui mais equipes oficiais de eSports. O futuro do clube no cenário competitivo ainda é incerto, mas há especulações de que novas negociações possam surgir em breve, desta vez com um modelo mais próximo e supervisionado diretamente pelo clube.

A saída da CDS encerra um ciclo turbulento de promessas e frustrações, mas abre espaço para uma reconstrução do projeto gamer do Timão — algo que a torcida e os fãs de eSports esperam com ansiedade.

Sobre Klaus Simões 488 artigos
Jornalista pela FIAM, Técnico em Comunicação Visual pela Etec de São Paulo, especialista em coberturas de eventos, esportivas e musicais, geek e alternativo. Responsável pelo NEXP Podcast.