Réquiem é uma das maiores composições já criadas, composta em 1791 foi a última obra de Mozart que infelizmente faleceu antes de completá-la. A ideia é que fosse uma missa fúnebre, um memorial para a falecida esposa de um contratante anônimo. A letra retrata um pedido de clemência e uma recomposição de dias tristes, alegres, raivosos e distantes, e partir dela Tico Pedrosa escreve Réquiem.
A história acompanha Johannes, estudante de um conservatório de música que após sua morte é levado para um mundo fantástico moldado pela criatividade de uma garota, para sair desse mundo e seguir rumo ao pós-morte ele deve enfrentar monstros que personificam os sete pecados capitais.
A história é desenhada por oito artistas, sob o roteiro de Tico Pedrosa, particularmente eu estranhei de começo tantos desenhistas para um único quadrinho, mas após analisar com mais calma, o ritmo da história e seu objetivo compreendi melhor a proposta. Cada um dos sete capítulos carrega consigo o título de um dos movimentos da missa fúnebre, como cada movimento é acompanhado por uma poesia diferente, se nota que o autor tentou reconstruir os trechos da composição de Mozart, utilizando como ferramenta a arte de cada um dos ilustradores. Recomendo que após ler cada capítulo vá pesquisar a letra da música e tentar captar as relações, esse quadrinho é um daqueles que cada vez que você lê novas coisas surgem e a experiência se enriquece.
Mesmo com esse peso dramático a narrativa não perde o ritmo e sempre segue dinâmica, como se trata de um volume único não é de se estranhar uma limitação no desenvolvimento. A sensação que a leitura dá e a de que merecia mais tempo, mas não julgo como um demérito a obra, mas ao formato one-shot, dentro de sua proposta ele cumpre sua missão, mas o gosto de quero mais fica. Não fica apenas a saudade dos protagonistas, mas de todo o universo que fora criado.
O encerramento da obra não deixa a desejar e cumpri com sua proposta inicial, deixando um sabor agridoce no fim. É um drama que pretende levar o leitor às reflexões e não ao simples acompanhamento da jornada, não que seja um problema histórias que o busquem, mas Réquiem é uma das histórias que se carrega para a vida. Réquiem é um quadrinho que se pode ouvir, a música ritmo e harmonia, poucas obras alcançam essa representação. No final da obra eu tive a sensação de perder um amigo, é como se um universo tivesse se fechado, para mim essa imersão é o segredo de uma boa história, e que particularmente guardarei com muito carinho.
Espero que tenham gostado e se curtir a história a editora Crás segue com um projeto no Catarse que busca financiar um quadrinho que seguirá com elementos dessa história, espero ansioso para poder escrever sobre. Segue o link: https://www.catarse.me/prisma_portal_do_inconsciente