Esta semana, o ANTI, 8º projeto de Rihanna, completou cinco anos. Era 28 de janeiro de 2016 quando a artista decidiu estreá-lo na plataforma Tidal de forma gratuita e por tempo limitado. Ela estava em um hiato de quatro anos, desde seu último trabalho, o Unapologetic (2012).
Com 13 faixas na versão original, e 16 na versão Deluxe, ANTI se mostra como um marco na carreira da artista, visto que apresenta um estilo e sonoridade novos, fugindo do pop comercial presente anteriormente. Como o próprio nome do álbum dá a entender, ela quis se contrapor ao trabalho que vinha fazendo desde então, com hits atrás de hits. Dessa vez, se mostrou como a verdadeira artista que é, com mais personalidade e explorando diversos gêneros como o R&B, o hip-hop, o rap, o dancehall e o soul, trazendo também ritmos das músicas de Barbados, país onde nasceu.
(Álbum disponível também no Youtube Music e no Deezer)
Dentre as mais famosas e mais reproduzidas nas rádios e plataformas de streaming estão “Work”, em parceria com o rapper Drake, e “Needed Me”, que venderam mais de 35,2 milhões e 17 milhões de singles no mundo inteiro, respectivamente. Ambas estão entre as 100 músicas mais tocadas no Spotify.
Destaque também para o cover de “New Person, Same Old Mistakes”, do Tame Impala, que Rihanna nomeou de “Same Ol’ Mistakes”. O instrumental segue sendo da versão original, mas é só a interpretação dela aparecer que já dá para diferenciar.
Porém, as faixas mais comoventes com certeza são “Love On The Brain” e “Higher”. A revista TIME comenta: “No final do álbum, ela está canalizando soul old-school em duas canções que oferecem as performances vocais mais emocionantes de sua carreira, perfeitas para suas imperfeições”. De fato, Rihanna apresenta uma potência vocal pouco vista em seus outros projetos e que emociona qualquer um. Fica a dica: quem estiver pra baixo e reflexivo sobre a vida, pode pegar um lenço e se preparar para a emoção e prazer sonoro que é ouvir essas músicas.
Na minha humilde opinião, “Love On The Brain” é a melhor faixa dessa era e muito provavelmente de sua carreira. Se você ainda tiver dúvidas, ou simplesmente não conhece, se liga nessa apresentação da Rihanna no Global Citizen Festival:
Ao longo do álbum, percebe-se que Rihanna está tentando se encontrar, entregar a sua personalidade e corresponder seus projetos a quem ela realmente é, como bem aponta a revista TIME: “Os vislumbres líricos da vida pessoal de Rihanna ecoam sua insatisfação com seu próprio legado musical; um álbum que revela o quão insatisfatório, se não totalmente alienante, ser uma superstar pode ser”. Isto é, com ANTI, Rihanna quis escapar da bolha que é ser uma superstar cheia de hits, e começar a construir o que ela desejava para sua carreira.
É como ela mesmo disse em uma entrevista à MTV em 2015, antes do lançamento do álbum: “Eu quero músicas que possam ser tocadas daqui 15 anos. Eu não queria apresentar minhas músicas, porque elas não me representam mais. Eu quero músicas que sejam eternas”.
E como essa indústria da música vive à base de números, vamos aos principais:
- Grammy 2017 – indicada para:
-Gravação do Ano (Work);
-Melhor Performance dupla ou grupo (Work ft. Drake)
-Melhor Performance R&B (Needed Me)
-Melhor Música R&B (Kiss It Better)
-Melhor Álbum de Música Contemporânea (ANTI)
(Infelizmente, ela não venceu em nenhuma das categorias. Isso é só mais uma prova de que nem sempre dá para usar o Grammy como parâmetro para sucesso e música de qualidade).
- American Music Awards – venceu a categoria de Álbum favorito – Soul/ R&B
- ANTI: um dos 50 melhores álbuns de 2016 para a Billboard
- ANTI: número #1 no top 200 da Billboard
- ANTI: +15 bilhões de streams no mundo
- ANTI: +11 milhões de álbuns vendidos no mundo
- Love On The Brain: +15 milhões de singles vendidos
- Kiss It Better: +5,5 milhões de singles vendidos
- Sex With Me: +4,5 milhões de singles vendidos
- Desperado: +3,5 milhões de singles vendidos
Desde ANTI, Rihanna segue no seu duradouro hiato de cinco anos sem nos entregar o R9 – uma sigla que representa seu 9º e tão esperado álbum. Ao longo desses anos, ela participou como feat em músicas de outros artistas, como “Loyalty” do Kendrick Lamar, “Wild Thoughts” do DJ Khaled e “Believe It” do PARTYNEXTDOOR.
Esse hiato é por uma boa causa, visto que a artista está focada em sua carreira de empresária, administrando suas empresas de cosméticos, skincare, lingerie, roupas e promovendo desfiles em parceria com a Amazon Prime Video. Segundo a Forbes, seu sucesso na música e os lucros das empresas fizeram Rihanna se tornar a mulher mais rica da indústria musical nos EUA, com uma fortuna estimada em US$ 600 milhões.
Enquanto nós meros mortais não recebemos novidades sobre novas músicas e um novo álbum, temos que nos contentar com ANTI. Mas sinceramente, com um álbum dessa qualidade e com a capacidade da Rihanna de enrolar mais alguns anos para entregar o R9, eu não tenho nem a audácia de reclamar.